Seminário de residência em Medicina Veterinária atende às preocupações de profissionais e educadores
Por Roberta Machado
O V Seminário Nacional de Residência em Medicina Veterinária, realizado nos dias 22 e 23 de novembro em São Paulo (SP), abordou duas questões de grande importância para os cursos de treinamento em serviço: a integração ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a Acreditação dos programas sob os novos parâmetros de excelência definidos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
De acordo com a Lei nº 11.129, que criou, em 2005, as residências multiprofissionais em saúde, os cursos que se encaixam nesta modalidade devem ser orientados pelos princípios e diretrizes do SUS. O CFMV convidou ao Seminário representantes do Ministério da Educação (MEC), de instituições de ensino superior e de programas de residência que falaram ao público do evento sobre como atender a essa exigência.
“É extremamente importante ver como os programas de residência vão, de fato, abarcar a preocupação com a saúde pública e a integração do médico veterinário no SUS. E também saber de que forma os programas hoje em andamento vão poder conciliar as suas linhas para que a capacitação prática do veterinário que ocorre na residência se faça na interface do SUS. Essa é uma dificuldade”, avalia Lígia Cantarino, professora de Saúde Pública na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV-UnB)
O tema ainda é pouco abordado nos cursos de graduação, e acaba ganhando ainda menos atenção durante o treinamento em serviço, apesar da determinação do MEC. “Me interessei por esse seminário justamente por essa nova abordagem do conceito de Saúde Única, que agora está sendo muito pedido nas provas de residência. Quis conhecer um pouco mais sobre essa área, que acaba sendo pouco falada na faculdade”, avaliou Audrey Mikahayashi, estudante de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), que está prestando provas para residência este ano.
Ao final do primeiro dia do seminário, os participantes foram convidados a participar de grupos de trabalho, e discutir propostas para a operacionalização da inserção dos programas de residência no SUS. As sugestões levantadas no debate foram registradas pela Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV), que vai usar asinformações como subsídio para futuras ações.
A atividade serviu de inspiração também para os representantes de instituições como Paulo Henrique Braz, coordenador do Curso de Aprimoramento Profissional do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran). “O aprimoramento profissional engloba o SUS como a residência, por não estarmos credenciados como universidade pública. Mas acho que podemos implantar bastante coisa dentro do aprimoramento, principalmente se nós conseguirmos expandir o programa. Acho que o seminário foi de grande aprendizado”, avaliou.
Acreditação
Além do debate sobre saúde pública, Paulo Henrique revela que seu principal objetivo no seminário foi conhecer mais sobre a Acreditação dos Programas de Residência e Aprimoramento Profissional, lançado no evento. “O nosso curso foi aberto este ano, então estamos ainda na primeira turma. Viemos para saber mais a respeito da Acreditação do Conselho e estamos na expectativa para conseguir o credenciamento”.
O seminário dedicou o segundo dia da programação ao selo de Acreditação, e representantes da CNRMV explicaram aos participantes sobre como vai funcionar o processo de inscrição, avaliação e aprovação dos programas de treinamento em serviço. “A minha primeira impressão foi muito boa. O fato de estabelecerem critérios numéricos, muito bem definidos, torna o processo bem claro para todos que se candidatam. As resoluções em que se baseiam a Acreditação estão claras para todo mundo, então acho que isso valoriza todo o processo que o CFMV vem fazendo”, comentou Sílvia Regina Ricci Lucas, diretora do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).
Os programas de residência da USP já foram reconhecidos pelo CFMV no antigo sistema que o Conselho criou para avaliar os programas de residência, antes de os cursos serem regularizados pelo MEC. Sílvia afirma que as visitas da CNRMV à instituição eram sempre produtivas, e que ajudaram no aperfeiçoamento dos programas. “A acreditação é uma valorização a mais para esse tipo de procedimento. Sem dúvida, a gente deve buscar essa acreditação”, finaliza.
Saiba mais:
Acreditação dos Programas de Residência e Aprimoramento é apresentada em seminário
Conheça mais sobre a Acreditação no site acreditacao.cfmv.gov.br
CFMV (matéria acessada em 28/11/16)