Projeto pretende esterilizar animais abandonados nas ruas para prevenir doenças
Na Paraíba, existem mais de 14 mil cães e gatos soltos nas ruas, segundo estimativa da Secretaria de Estado da Saúde (SES), e um dos principais problemas dos animais abandonados é o crescimento destas populações nas cidades. Sem cuidados como a vacinação, surgem as doenças, como a Leishmaniose Visceral Canina (LVC), mais conhecida como calazar, que teve 1,3 mil casos confirmados no Estado de janeiro de 2017 a fevereiro de 2018. Em parceria com ONGs que cuidam de animais e instituições como o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), a SES está elaborando um projeto para promover a esterilização desses animais, reduzindo o risco de transmissão das doenças para as pessoas.
O chefe do Núcleo de Controle de Zoonoses da SES, Francisco de Assis Azevedo, explicou que o edital de chamamento público, para que empresas participem do projeto de controle de natalidade de cães e gatos, está sendo finalizado. Ainda não há data prevista para o lançamento, mas os detalhes estão sendo discutidos. A última reunião foi realizada dia 26 de junho, entre a SES e uma comissão, com representações das ONGs das quatro macrorregiões da Paraíba, formada no primeiro encontro que ocorreu no dia 6 de junho. As clínicas selecionadas vão fazer as esterilizações dentro da sua área de jurisdição.
‘O objetivo do edital é contratar empresas para prestação de serviços veterinários especializados na esterilização cirúrgica de cães e gatos. As cirurgias serão executadas nas sedes das macrorregionais de saúde – João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa – para controle de doenças transmitidas por cães e gatos, considerando a superpopulação dos animais susceptíveis para algumas zoonoses de relevância em saúde pública’, explicou. ‘A execução do projeto pretende minorar a situação de risco de transmissão de doenças destes animais para a população humana’, concluiu.
Ação importante
O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB), Domingos Fernandes Lugo Neto, afirmou que as discussões em torno do projeto ainda estão em andamento. Segundo ele, há divergências em relação a alguns pontos, entre eles, o valor destinado ao projeto que, em sua opinião, não contempla todo o volume.
‘Porém, o projeto já é alguma coisa. Os animais de rua representam um risco de transmissão e disseminação de doenças como leishmaniose, sarna (escabiose) e raiva, apesar desta última ter certo controle por causa da vacinação’, observou.
Já a presidente do Fórum Estadual de Proteção e Defesa Animal da Paraíba, Zélia Monteiro Bora, acha que a iniciativa é importante. ‘Vivemos num Estado grande. Esse problema de animais abandonados é evidente em João Pessoa, mas nos outros municípios há carência de conscientização e de entidades que possam trabalhar a questão. É profundamente importante que o Estado esteja se voltando para essa necessidade’, elogiou.
O assunto, segundo Zélia, está em discussão pelo mundo e ela tem participado de eventos. Ainda este ano, a presidente do Fórum Estadual de Proteção e Defesa Animal da Paraíba deve comparecer a debates na Argentina e no Japão.
Matanças comuns na Paraíba
Enquanto alguns trabalham pelo bem dos animais, outros entendem que a extinção deles é a solução mais fácil. Foi o que aconteceu no município de Igaracy, localizado no Alto Sertão paraibano, em março deste ano. A população da cidade presenciou uma matança em que foram sacrificados mais de 30 cães. Os moradores se revoltaram e o crime chamou a atenção dos defensores dos animais. Os cães foram recolhidos e mortos pela Secretaria de Saúde do município.
O caso levou o Ministério Público da Paraíba (MPPB) a pedir a exoneração do secretário de Saúde da cidade, José Carlos Maia. O MPPB foi informado de que o número de animais mortos poderia ser ainda maior e que, ao contrário das informações repassadas pelo município, os cães não teriam sido mortos com aplicação de medicação e sim, a pauladas.
A justificativa do secretário para o sacrifício foi de que o município não tinha onde abrigar os animais doentes que estavam nas ruas. Ele afirmou que é médico veterinário e que foi o responsável pela eutanásia.
Durante o mês de junho, outro episódio de maus tratos a animais foi registrado em João Pessoa. Foram registradas mortes de vários gatos no Centro Administrativo Municipal (CAM). A Prefeitura instaurou inquérito administrativo para apurar as causas das mortes e tentar identificar quem teria cometido o crime. Os animais que ainda estavam perambulando pelo local foram levados para o Centro de Controle de Zoonoses para serem esterilizados.
Fonte Correio da Paraíba – Notícias