Peixes nativos se destacam no mercado nacional
13 de outubro de 2016
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a aquicultura é a mais rápida das atividades agropecuárias em termos de resultados produtivos e uma das poucas capazes de responder com folga ao crescimento populacional.
O Brasil apresenta todas as condições favoráveis para a atividade pesqueira e para a aquicultura, uma vez que possui uma costa marítima de 8.500 km e 12% da água doce disponível no planeta. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa) não são somente de espécies exóticas, como a tilápia, que estão mostrando um crescimento significativo no país, os peixes nativos têm se tornado um excelente negócio.
“Esse mercado de peixes nativos cresce a taxas bem superiores ao da tilápia, o que mostra que o nativo já caiu no gosto do brasileiro”. A afirmação é do Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre A. Freitas. Segundo ele, enquanto o mercado de tilápia cresce a uma taxa de 17% ao ano, o de alguns peixes nativos, como o pirarucu,cresce a 25% ao ano.
Freitas esclarece que “é preciso admitir que o mercado persegue algo similar à tilápia (filé porção sem espinhas)”. Ele relata que nas gôndolas dos supermercados a maioria dos pescados é vendida no formato de filé em posta. “O consumidor quer praticidade. Talvez o grande mercado para o peixe nativo não seja o doméstico, mas o mercado gourmet”, constata.
O Secretário Executivo da Associação Brasileira da Piscicultura, Francisco Medeiros alerta que, apesar do setor de peixes nativos estar crescendo, ainda há muito a melhorar. “Sabemos que 80% da produção de peixes nativos ainda é vendida do mesmo jeito que após o descobrimento do Brasil, ou seja, não tivemos evolução no processamento do peixe in natura”, disse.
Criar políticas públicas específicas para o setor da piscicultura e investir em tecnologia são algumas das demandas elencadas por Medeiros. Apesar da grande oferta de nativos, o consumo de peixe importado no Brasil é de 2kg/habitante/ano, enquanto que o de espécies nativas é de apenas 1,69 kg/habitante/ano.
Ele ressalta que o setor perde em competitividade por não atender as demandas do mercado. Entre as demandas está a produção de um peixe sem a chamada “espinha em Y” e a venda do pescado em filé, e não o peixe inteiro. “Temos que ter um produto que atenda a nossa população, um peixe que seja acessível a quem não tem condição de comprar “, diz.
Peixes Nativos
Nas bacias hidrográficas brasileiras destacam-se 52 espécies nativas como: tambaqui, pacu, mantrixã, surubins, cachara, entre outras. Poucas delas possuem tecnologia de produção totalmente desenvolvida e consolidada para as diferentes fases de cultivo. O pirarucu, por exemplo, considerado uma espécie de elevado valor, ainda apresenta produção em baixa escala, dificultando a produção e comercialização do pescado.
De acordo com a Embrapa, um dos principais entraves na área hoje está relacionado às questões de sanidade e biossegurança. Existe ainda uma dificuldade de um diagnóstico precoce de doenças, apesar de estudos e ações nesse sentido já estarem em andamento como desenvolvimento de metodologias de monitoramento e avaliação da qualidade da água e do pescado, além de técnicas de manejo da produção.
Outro gargalo do setor é o processamento tecnológico da cadeia produtiva de peixes nativos. Isso faz com que produtores vendam seus pescados sem agregação de valor. No Brasil, de forma geral, o processamento do pescado resume-se apenas ao resfriamento ou congelamento precário das espécies e filetagem incipiente.
Pesca e Aquicultura
A pesca baseia-se na retirada de recursos pesqueiros do ambiente natural. Já a aquicultura é baseada no cultivo de organismos aquáticos geralmente em um espaço confinado e controlado. A grande diferença entre as duas atividades é que a primeira, por ser extrativista, não atende as premissas de um mercado competitivo. Já a aquicultura possibilita produtos mais homogêneos, rastreabilidade durante toda a cadeia e outras vantagens que contribuem para a segurança alimentar, no sentido de gerar alimento de qualidade, com planejamento e regularidade.
GT Aquicultura
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) conta com um Grupo de Trabalho formado para elaborar propostas de treinamento e resoluções que regulamentam a atuação dos médicos veterinários e dos zootecnistas na Aquicultura.
Assessoria de Comunicação CFMV, com informações da Embrapa