Médico-veterinário é essencial na prevenção da influenza aviária
O mundo tem acompanhado um novo surto de influenza aviária, ou gripe aviária, com casos em países das Américas, Europa e Ásia. No entanto, o Brasil permanece sem registrar nenhuma ocorrência da doença, que acomete aves silvestres migratórias e domésticas.
Importante destacar o rigoroso programa de sanidade avícola brasileiro, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que, desde 2004 – data em que se teve notícia do primeiro surto mundial da doença, à época conhecida como a “gripe do frango” –, criou um protocolo de atuação para o caso de uma ocorrência de influenza aviária no país.
“Já temos todo o mapeamento de como agir. Porém, é preciso que se intensifiquem as ações que já existem em vigilância epidemiológica avícola, sobretudo nas áreas costeiras, de litoral, no Pantanal, na região Amazônica e nas demais regiões identificadas como de destino para essas aves migratórias, além de monitorar a sazonalidade de ocorrência de influenza aviária”, destaca o médico-veterinário Flávio Veloso, coordenador estadual de vigilância epidemiológica na Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDAS/SC).
Veloso ressalta, também, que a atuação do médico-veterinário responsável técnico tanto de casas agropecuárias quanto de granjas e indústrias avícolas é de extrema importância para o monitoramento da gripe aviária e para a educação sanitária de pequenos produtores.
“O médico-veterinário atua como sentinela e ao ter conhecimento do menor sinal de manifestação da doença deve notificar às autoridades competentes, como o Serviço Veterinário Oficial (SVO).” Neste sentido, qualquer pessoa que souber de alguma suspeita de foco de gripe aviária deve comunicar o SVO por meio dos escritórios estaduais da defesa agropecuária. Por uma questão de saúde pública e por ser uma doença de interesse econômico, a notificação da influenza aviária é obrigatória e consta na lista da Instrução Normativa do Mapa nº 50/2013.
Saúde Única
A influenza aviária ilustra bem o conceito de Saúde Única. Para o médico-veterinário Flávio Veloso, é importante fortalecer a integração entre os órgãos e profissionais que atuam nestas linhas de frente: sanidade animal, saúde humana e meio ambiente para adoção de medidas estratégicas conjuntas caso sejam necessárias.
Nesse contexto e por deter do conhecimento de várias espécies, o médico-veterinário exerce papel fundamental para o monitoramento e controle da doença. O profissional está presente desde os órgãos de defesa sanitária animal, até a responsabilidade técnica em granjas, indústrias avícolas, casas agropecuárias, prefeituras e cooperativas rurais – onde, também, orienta pequenos produtores sobre educação sanitária acerca da gripe aviária e de outras doenças de importância para o SVO.
Veloso afirma que, apesar de ter um alto grau de patogenicidade, a transmissão desta cepa atual de influenza aviária (H5N1) para o homem ocorre em casos bem pontuais, em um contato direto com as fezes de aves infectadas. Para orientar profissionais, pequenos produtores e indústria, o Mapa divulgou material informativo e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu alerta epidemiológico sobre Influenza Aviária para as Américas.
Balança comercial
Segundo maior produtor e exportador mundial de proteína de frango, o Brasil fechou o ano de 2022 com 4,8 milhões de toneladas de carne embarcadas para China, Emirados Árabes Unidos, Japão e União Europeia, o que rendeu US$ 9,762 bilhões de dólares na balança comercial, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A projeção para esse ano de 2023 é que os números permaneçam, levando em consideração o quadro de influenza aviária no contexto mundial e o fato de que o Brasil nunca registrou nenhum foco da doença e possui um rigoroso status sanitário avícola.
“Mais uma vez, o médico-veterinário é primordial tanto para a sanidade do nosso plantel avícola quanto para a manutenção do nosso status sanitário, visando salvaguardar a saúde pública e atender aos mercados mais exigentes, como o Japão”, ressalta o médico-veterinário Flávio Veloso.
Assessoria de Comunicação do CFMV