Laboratórios sugerem melhorias à estratégia de controle da anemia infecciosa equina e do mormo
Representantes da Rede Nacional de Laboratórios Credenciados no Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE) realizaram o Primeiro Workshop sobre anemia infecciosa equina (AIE) e mormo, no Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), na sexta-feira (29). “Queremos os laboratórios unidos nos mesmos objetivos e propósitos. Que seja só o início das discussões para gerar um documento formal que será apresentado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em relação à responsabilidade técnica, à fiscalização e ao prazo dos exames laboratoriais”, disse a médica-veterinária da Rede e coordenadora do evento, Glaucia Dias.
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O mormo é uma enfermidade infecciosa, zoonótica (que passa do animal para o homem) e de notificação obrigatória, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Após sua reemergência no Brasil, tem sido notificado em praticamente todo território nacional. A estratégia de controle instituída pelo Mapa envolve a vigilância, com teste dos animais para controle de trânsito e de eventos de aglomeração de equídeos, bem como a interdição das criações afetadas e o saneamento dos focos. Os testes sorológicos são realizados pela Rede de Laboratórios credenciados pelo Mapa, bem como pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA).
“Não se faz defesa sem diagnóstico e os laboratórios são fundamentais nesse trabalho”, afirmou o presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti de Almeida. A equideocultura, de acordo com ele, é um dos segmentos de maior importância para a economia brasileira e cresce a cada dia, tanto por conta dos eventos equestres, como dentro das propriedades. “A nossa missão é trabalhar com profissionalismo e ética para garantir a segurança da sanidade desses animais e conscientizar o produtor rural de que somos o diferencial para um plantel sadio e valorizado”, destacou. “Vamos trabalhar, cada vez mais, para merecer da sociedade a credibilidade dos nossos trabalhos e a valorização da Medicina Veterinária e da Zootecnia”, concluiu.
Durante o evento, os 83 profissionais presentes fecharam um documento com sugestões de melhorias ao programa, que devem ser apresentadas ao Mapa, órgão que coordena o PNSE. Para garantir o controle das doenças, o grupo defende o prazo de validade do diagnóstico que, atualmente, é de 60 dias, seguindo a legislação federal. Alguns estados aprovaram leis locais que aumentam esse prazo para 180 dias. Para Rede de Laboratórios isso pode colocar em risco a segurança sanitária dos planteis de cavalos.
“Isso vai acarretar a queda dos diagnósticos, afetar o controle da doença e aumentar o número de casos positivos, o que, certamente, afetará a saúde dos equídeos”, esclarece a médica-veterinária Matilde Mercedes Sheppard Guembes. Ela é responsável técnica de um laboratório credenciado ao Mapa e, ao falar no workshop sobre o panorama da AIE no Brasil, defendeu a lei de que as coletas e o diagnósticos sejam feitos por médicos-veterinários. “Os laboratórios estão se organizando para fazer cumprir a legislação federal, pois alguns parlamentares têm demonstrado interesse de que a colheita de amostra passe a ser realizada pelos sindicatos rurais, contrariando a legislação do Mapa”.
“Uma lei estadual pode ser mais rígida do que a federal, mas não mais flexível. Vamos lutar pelo prazo de 60 dias”, defendeu a médica-veterinária e chefe de gabinete do CFMV, Erivânia Camelo, que já foi presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), e, por anos, trabalhou diretamente nas campanhas de diagnóstico de mormo no estado.
Também do Pernambuco, o médico-veterinário Roberto Soares de Castro falou sobre o estado da arte das técnicas de diagnóstico de mormo no Brasil. “Ponto nevrálgico para todos, especialmente para quem trabalha com defesa”, segundo o palestrante. Ele trouxe a experiência no processo de validação do kit diagnóstico do método ELISAi e o processo de aperfeiçoamento do western blotting, metodologia empregada como teste confirmatório no diagnóstico da doença.
Para falar do impacto do mormo na saúde pública, o médico-veterinário e presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do DF, Lauricio Monteiro Cruz fechou a parte das apresentações. “Como zoonose, é preciso que o Sistema Único de Saúde cada vez mais entenda os casos de mormo que estão acontecendo nas propriedades, envolvendo não só os médicos-veterinários, mas os tratadores e os proprietários de cavalos nos setores que movimentam a economia da equideocultura, visando, especialmente, que o equino é um bio indicador para mormo em relação à saúde dos humanos”, finalizou.
Assessoria de Comunicação do CFMV