Exames de DNA em animais ajudam a combater tráfico de aves silvestres
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais desenvolveram exames mais baratos e avançados para determinar o DNA de animais. É uma técnica nova que pode ajudar a combater o tráfico de aves silvestre.
É uma amizade que já dura sete anos: dona Conceição comprou o Loro em um criatório legalizado. Teve nota fiscal e anilha numerada no pé da ave. Tudo irregular. O Ibama diz que o filhote veio do tráfico de aves silvestres e a família só ficou com o papagaio porque não agiu de má-fé.
“O moço que vendeu para nós falou que ele comprou que nasceu lá. No fundo no fundo, ele não nasceu lá. Ele comprou na mão do moço por R$ 100 e vendeu para nós por R$ 1.800”, disse a aposentada Maria da Conceição de Jesus Coelho.
Num criatório legalizado, como o de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, as aves adultas ficam juntas. Dão cria. Os ovos vão para incubadora. Nascem os filhotes e eles são cuidados o tempo todo. A anilha de identificação é colocada ainda nos primeiros dias de vida. Nascem 600 filhotes por mês e todos são vendidos com a garantia de que tem pai e mãe identificados.
Os criadouros legalizados só podem vender os filhotes nascidos em cativeiro. Nem os ovos podem ser vendidos. Se houver uma denúncia de algum cliente ou uma suspeita do Ibama de que a ave foi capturada na natureza, é aí que entra em ação o teste de paternidade. Um teste de DNA semelhante ao feito com as pessoas.
A Universidade Federal de Minas Gerais está desenvolvendo um projeto com tecnologia moderna e rapidez nos resultados. A capacidade é para dois mil testes por dia.
“Vale a pena fazer o exame, vale a pena você ter uma análise genética do animal que você está comprando. Você ajuda quem está trabalhando de forma legal e ajuda também o meio ambiente. E não comete o crime”, afirmou o professor da UFMG Evanguedes Kalapothakis.
No Ibama, em Belo Horizonte, todos os meses chegam centenas de animais vítimas do tráfico e de maus-tratos.
Um sabiá que acabou de chegar com um ferimento na cabeça, segundo os veterinários, foi pego na natureza.
“Esse tipo de lesão é um indicativo muito forte de que essa ave vivia em liberdade na natureza e foi colocada na gaiola recentemente”, Daniel Vilela, analista ambiental do Ibama.
O teste de DNA obrigatório seria uma garantia de proteção aos animais.
“Ele é a certificação do criadouro. Então, mostra transparência e dá ênfase e destaque para quem trabalha de forma séria. Os maus-tratos estão muito associados ao tráfico mesmo. Por isso que é importante a gente criar ferramentas que vão combatê-lo”, explicou o biólogo Tiago de Oliveira.
O Ibama e a Universidade Federal de Minas Gerais estão estudando uma parceria para adotar esse exame em larga escala pelos órgãos que fiscalizam o tráfico de animais silvestres.
Fonte G1-JN