Dia Mundial do Leite celebra alimento mais consumido no mundo
Em 1º de junho se comemora o Dia Mundial do Leite, o alimento mais consumido do mundo. Sua diversidade e notável valor nutricional permitem que ele seja processado e consumido em todas as culturas de diversas maneiras, seja no seu estado líquido original, em pó ou na forma de derivados como o queijo, o iogurte e a manteiga.
A data comemorativa foi definida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (na sigla em inglês) como uma forma de reconhecer a importante contribuição do setor leiteiro para a sustentabilidade, o desenvolvimento econômico, o sustento e a nutrição mundiais.
Nesta data, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) destaca a importância desse produto de origem animal para a sociedade e enfatiza o papel do médico-veterinário e do zootecnista para a produção desse alimento.
Os dois profissionais trabalham juntos para garantir a produtividade, o bem-estar e a sustentabilidade da produção de leite no Brasil e no mundo.
Atuação do médico-veterinário e do zootecnista na cadeia produtiva do leite
O médico-veterinário Marne Portela Rêgo, gerente operacional de uma empresa do setor, explica: “A atuação do médico-veterinário e do zootecnista na cadeia produtiva do leite inicia-se no campo, junto ao produtor. É importante destacar as ações na assistência técnica, que hoje está exigindo do profissional o conhecimento de gestão e de suas ferramentas de controle para direcionar as ações de curto, médio e longo prazo”.
De acordo com o zootecnista João Ricardo Albanez, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG) e subsecretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, “o cenário vivenciado é de pandemia e as incertezas estão presentes. A sociedade concentra investimentos no sistema de saúde, buscando a preservação da vida e a manutenção das condições socioeconômicas. Neste momento, o abastecimento alimentar e a produção agropecuária foram considerados serviços essenciais pelos governos. Esses setores, além de assegurar o abastecimento, têm apresentado resultados positivos para a economia”, comenta Albanez.
Segundo Portela, a nutrição tem tido grande evolução com o trabalho de zootecnistas especializados em leite, ajustando as necessidades nutricionais do rebanho, e ao custo dos ingredientes ofertados no mercado. “Esse trabalho tem potencializado a produção e contribuído com a reprodução e sanidade do rebanho.
O médico-veterinário contextualiza o papel dos profissionais na cadeia produtiva do leite. “As indústrias, hoje, contam com funções de profissionais que ficam responsáveis pela aquisição do leite. Eles realizam o acompanhamento a partir do campo, através da atuação na política leiteira, na garantia de qualidade da matéria-prima, atendendo normas regulamentais oficiais (INs Mapa nº 76/77)”, detalha.
Há também, segundo Portela, o trabalho de equipes de qualidade das fábricas, passando por atuação em laboratórios internos de qualidade e na área de gestão das indústrias. “Neste segmento, a ação dos fiscais, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, garante a inocuidade dos produtos ofertados até o consumidor final. A assistência técnica de profissionais ligados à iniciativa privada e a órgãos de pesquisas é de fundamental importância para a evolução da cadeia produtiva do leite em nosso país. Em muitas regiões, a ausência total das ações das entidades governamentais é minimizada pela atuação destes profissionais, como nos laboratórios veterinários e indústrias de rações”, assinala.
Dados
Segundo a FAO, o Brasil está entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, atrás apenas de União Europeia, Estados Unidos, Índia e China, e à frente de países como Rússia e Nova Zelândia.
O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), calculado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), registra uma estimativa de receita de R$ 73 bilhões, em 2020. Isso representa mais 8,6% em relação ao ano anterior. A pecuária bovina tem participação de 25% do VBP e o leite contribui com 12,5%.
Nesse aspecto, Albanez conta que deve ser considerado o árduo trabalho dos produtores rurais, neste momento de pandemia, para manter a complexa cadeia da produção do leite. “Esse esforço envolve, também, todos os profissionais, com ênfase para os zootecnistas, que não pararam e continuam trabalhando para que não falte o leite, essencial na alimentação da população”, pontua.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), a atividade leiteira no Brasil possui 1,171 milhão de estabelecimentos produtores de leite e está presente em 99% dos municípios brasileiros (IBGE). É responsável pela geração de 4,5 postos de trabalho por propriedade ou estabelecimento produtor, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Isso representa quase 5,3 milhões de empregos diretos e outros milhões envolvidos, indiretamente, nas várias etapas da cadeia produtiva de leite. Entre esses, estão transportadores, pessoal das indústrias lácteas, farelos, laboratórios e farmácias veterinárias, promotores e vendedores de insumos, entre outros.
Os números se tornam ainda mais relevantes levando em consideração que os produtores familiares são responsáveis por cerca de 60% do leite produzido no Brasil. “Além disso, continua sendo um dos principais geradores de emprego e renda no campo, mesmo com a estagnação da produção, por conta da crise dos últimos anos, somada ao atual problema causado pela pandemia de covid-19”, destaca Portela.
Segundo a Abraleite, o país possui, só no Sistema de Inspeção Federal (SIF), 781 fábricas, 275 usinas de beneficiamento/cooperativas e 188 postos de resfriamento de leite, distribuídos nas diversas regiões do Brasil. Portela também esclarece o surgimento de diversas oportunidades no setor, nos últimos anos, principalmente relativas à fusões e aquisições de grandes players mundiais, que movimentam o setor e estimulam o aumento na demanda de leite para os próximos anos. “O grande potencial de consumo, não só do nosso país, mas também de toda a América do Sul, e a grande disponibilidade de áreas já utilizadas na produção de leite vêm atraindo essas movimentações corporativas”, avalia.
O médico-veterinário também ressalta o papel de destaque do Brasil na produção leiteira. “O Brasil é um país com potencial de crescimento no consumo de lácteos e com expectativas positivas na melhoria de produção animal. Esses fatores atrelados à característica de produção nacional, que é predominantemente formada por sistemas pouco intensivos, são características que estimulam o aperfeiçoamento do setor. O sucesso da atividade leiteira depende de vários fatores. Só investindo em uma cadeia produtiva organizada é possível enfrentar desafios a médio e a longo prazo e construir um futuro promissor neste segmento, que é umas das bases da economia do agronegócio brasileiro”, assegura Portela.
Benefícios do leite
O ser humano é o único mamífero que toma leite durante toda a sua vida. O leite materno, primeiro alimento fornecido, é extremamente importante para o crescimento e desenvolvimento orgânico e funcional. É rico em gorduras, vitaminas e minerais que são indispensáveis para o desenvolvimento do sistema imunológico.
O leite permanece ativo e presente na dieta do homem durante todo a sua vida, mesmo que em quantidades menores, se comparadas com o período da infância. No entanto, o consumo de produtos lácteos continua sendo fonte importante de cálcio, vitaminas, proteínas, potássio, aminoácidos e fósforo, tendo eficácia comprovada na prevenção de doenças como obesidade, insônia, artrose e osteoporose.
Portela explica a diversificada produção láctea. “Atualmente, o leite mais consumido no mundo é o de origem bovina, mas também se destacam os oriundos dos caprinos, ovinos e outras espécies que, em determinados locais, servem ao homem como fonte de nutrientes”, detalha.
“Neste 1° de junho, Dia Mundial do Leite, data criada pela FAO/ONU, a sociedade deve valorizar esse rico alimento e todos os envolvidos nesta cadeia produtiva”, conclama Albanez.
*Fonte: Food Balance Sheet, boletim da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 2001