Comissão de Saúde Pública do CRMV-PB alerta para os riscos e cuidados em acidentes por animais peçonhentos
Animais peçonhentos são aqueles que têm a peçonha (veneno ou toxina), usada como mecanismo de defesa e que tem condições de injetá-la em presas ou predadores. As formas mais comuns de acidente com esses animais se dá por meio de mordidas, picadas, ferroadas, arranhões, contato com a pele ou ainda por ingestão do animal peçonhento pelo indivíduo. Acidentes envolvendo animais peçonhentos são considerados como um problema de saúde pública em nosso país, já que é bastante elevado o número de pessoas envolvidas a cada ano e ainda devido à gravidade e complicações desencadeadas.
Conforme dados do Ministério da Saúde, é no período do verão que os acidentes com animais peçonhentos mais apresentam incidência. Em torno de 40% das ocorrências registradas em todo o território nacional são concentradas nessa época do ano. Só em 2019, mais de 265 mil casos de acidentes por animais peçonhentos foram notificados junto ao sistema de saúde. Na Paraíba, no mesmo ano, foram registrados 7.608 acidentes com animais peçonhentos, número bem maior quando comparado a 2017 (5.439) e 2018 (6.187). Cabe ressaltar que a maioria dos acidentes na Paraíba são causados por escorpiões, seguidos de serpentes e abelhas.
Principais animais peçonhentos
Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil são algumas espécies de serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas, vespas, besouros, lacraias, de peixes, águas-vivas e caravelas, entre outros. As notificações mais comuns envolvem aranhas, escorpiões e cobras. Com as chuvas, eles procuram lugar para se abrigar e acabam entrando nas casas.
Riscos e condutas a serem tomadas
O risco de acidente com qualquer animal peçonhento aumenta em locais onde não há saneamento básico ou há em condições precárias. Situações em que as pessoas acumulam objetos, resíduos, lixo de diversas origens, seja no quintal de casa (principalmente) e ainda em cômodos, porões, dentre outros, criam condições favoráveis à permanência, proliferação e disseminação de animais peçonhentos, os quais, em algum momento vão se envolver em acidentes com as pessoas daquele local ou entorno.
Há ainda aquelas pessoas que se acidentam por tentarem, sem conhecimento, manusear, espantar, capturar ou interagir, de alguma forma, com animais desse tipo. Para os casos nos quais surgem animais peçonhentos com potencial lesivo elevado, a exemplo de serpentes, há o serviço de resgate por parte de órgãos ambientais, a exemplo da Polícia Ambiental Estadual e do Corpo de Bombeiros Militar.
No que tange aos cuidados a serem tomados, é de grande importância que as Secretarias Municipais de Saúde intensifiquem junto à população, em especial da zona rural, as medidas de prevenção elencadas abaixo:
– Averiguar roupas e sapatos antes de usá-los (especialmente, em locais onde a população desses animais seja maior);
– Fazer a desinfecção de ralos de esgoto e pias, limpeza e organização de cômodos pouco usados;
– Vedar frestas e rachaduras em paredes e pisos;
– Utilizar telas de proteção em ralos, pias e tanques;
– Descartar entulho acumulado sem finalidade de uso;
– Usar luvas de borracha ou de couro no manuseio de terra de jardins, plantas e outros; utilizar calçados fechados, perneiras ou botas de cano longo (já que cerca de 65% destes acidentes nos membros inferiores) quando da limpeza de fossas, caixas de gordura, esgotos e quando da atuação a campo em plantios, no geral;
– Ficar atento onde pisar ou colocar as mãos para se apoiar;
– Não mexer em buracos no chão ou em troncos de árvores sem proteção.
Para aqueles animais peçonhentos de vida aquática, como alguns peixes e cnidários (caravelas e águas vivas), recomenda-se o lazer e a pesca sempre acompanhando de outros indivíduos, preferencialmente de pessoas experientes e que conheça o local.
Em casos de acidentes a conduta correta é procurar o serviço de saúde mais próximo e, sempre que possível, levar o animal causador para identificação de notificação. Quando não for possível levá-lo, o paciente deve informar ao profissional de saúde características como tipo, cor e tamanho.
A região do corpo onde o animal atacou deve ser lavada com água e sabão, manter o local atingido em posição confortável, levar a vítima para atendimento médico, não fazer cortes ou torniquetes no local, manter o paciente deitado e hidratado e, JAMAIS aplicar qualquer tipo de substância como álcool, querosene, borra de café, vinagre, urina, terra, entre outros no local atingido.
Locais de referência para atendimento na Paraíba
Os serviços de referência para o tratamento sorológico, no atendimento aos casos mais graves dede acidentes por animais peçonhentos no estado da Paraíba são:
– Hospital de Emergência e Trauma – Campina Grande – 3310-5853;
– Hospital Universitário Lauro Wanderley – João Pessoa – 0800-722-6001;
– Hospital Regional Janduhy Carneiro – Patos – 3423-2762.
Comissão Regional de Saúde Pública Veterinária do CRMV-PB.