CFMV Entrevista – Médico Veterinário Marco Antônio Gioso fala sobre como lidar com a crise econômica
13 de janeiro de 2016
A palavra “crise” vem sendo repetida continuamente desde 2008. A crise, que era financeira, inevitavelmente estendeu-se à economia e, atualmente, é uma das maiores preocupações dos brasileiros. A incerteza do futuro aflige os empresários. Muitos se questionam sobre como manter o próprio negócio, o quadro de colaboradores e o número de clientes. Outros, têm dúvidas se esse é o melhor momento para iniciar um projeto próprio. É tempo de ajustar gastos, lucros e se preparar para um mercado cada vez mais exigente e competitivo.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) entrevistou o médico veterinário, Marco Antônio Gioso, professor da Universidade de São Paulo (USP), MBA em Marketing pela Fundação Instituto de Administração (FIA) e que também atua como consultor nas áreas de Marketing, Gestão, Coaching e Empreendedorismo. Na entrevista ele fala sobre como sobreviver em tempos de crise econômica.
Ascom/CFMV – Crise econômica também é um momento para buscar novas oportunidades?
Marco Antônio Gioso – É a melhor época. Na crise as pessoas e empresas boas ficam, os médios e ruins caem. É duro falar assim, mas qualquer empresário de sucesso sabe disto, por ser a língua deles. Enxergar na crise caminhos novos. O maior investidor da atualidade, Warren Buffet, diz que na crise ele ganha muito dinheiro, pois as pessoas se desesperam, e ele compra barato. Quando saímos da crise, ele vende, e cresce sua fortuna. Pode parecer cruel, mas vivemos no capitalismo. Quem se dá mal em crise são as pessoas que estavam na corda bamba, viviam no fio da navalha, sempre em dívida, empurrando cada dia com a barriga, sobrevivendo. A crise mantém vivo os que estavam acima desta condição. Em tempos de crise existem algumas dicas: não perca emprego, não perca um único cliente.
Ascom/CFMV – Receosos com o futuro, os clientes acabam controlando mais os gastos. Como agir para manter a clientela e, quem sabe, também atrair novos clientes?
Marco Antônio Gioso – Eles gastarão com prudência. E ocorre um fenômeno interessante em serviços, como nas clínicas, durante crises econômicas. Muitos procuram produtos mais baratos ou não compram. Mas quando não há saída, procuram quem de fato resolva, isto é, querem o serviço de maior qualidade, assim é que as empresas de renome, de boa reputação se dão melhor. Pois eles resolverão, mesmo custando mais caro! É o famoso evitar “que o barato saia caro”.
Ascom/CFMV – Quais as dicas para o médico veterinário que deseja montar seu próprio negócio?
Marco Antônio Gioso – Nunca abrir sem antes fazer seu plano de negócios no papel. Não serve apenas estar com a ideia na cabeça. Procure os livros, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), consultores. Mostre seu plano a três experientes empresários de sucesso, especialmente da mesma área que o da sua futura empresa. Atente-se para a parte financeira, para seu capital inicial a ser investido. Nunca o use todo, deixe parte para reserva técnica inicial, isto é, se poucos clientes entrarem na empresa, por quanto tempo você tem capital de giro? Indica-se uns 6 meses. Observe seu plano de marketing, que não é propaganda, como muitos pensam, mas como você fará o atendimento, as pessoas envolvidas, o preço cobrado, a arquitetura e decoração da empresa e sua localização, e o plano organizacional. Antes de abrir, pense que tipo de cliente você quer atender. Fuja do conceito de que “atenderei quem entrar”, pois isto é um dos erros primários da não-segmentação de mercado.
Ascom/CFMV – O que é preciso buscar para se tornar um profissional diferenciado e conseguir melhores oportunidades no mercado de trabalho?
Marco Antônio Gioso – Dois pontos básicos: ser competente na técnica e saber influenciar pessoas, entender de gente. Saber diagnosticar e tratar acima da média. Profissionais que tem sucesso tem técnica acima da média. Mas não basta. Hoje há que se entender de gente, saber lidar com a equipe e com os clientes. Os profissionais carismáticos sabem disto de forma natural, e usam a seu favor. Eles têm empatia pelos clientes e colaboradores, e assim conseguem que as pessoas entendam melhor o que eles indicam. Os profissionais que possuem estas duas características são imbatíveis. Gostar de gente, gostar de clientes, saber lidar com equipes.
Ascom/CFMV – Que características o profissional deve ter para enfrentar os tempos de crise?
Marco Antônio Gioso – Além das duas acima, ele precisa entender de negócios, de números, de administração, de gestão. Muitos têm uma clínica, por exemplo, mas não um negócio de clínica. Claro que existe a vocação, mas somente ela não dá lucro. Exceto se lucro não for o que você busca, os profissionais carecem em “ser empresários”, e assim vivem reclamando de não terem prestígio social, qualidade boa de vida e vida financeira estável. Nossa profissão é linda, permite termos uma vida digna, salvar e tirar dor de animais em sofrimento, colocar alimentos de qualidade na boca de 200 milhões de brasileiros, dar conforto psicológico aos donos dos pets. Ser veterinário é nobre e tenho orgulho de ser um deles, desde 1988.
Assessoria de Comunicação do CFMV