O Ministério da Saúde convocou 14 categorias de profissionais da saúde para integrar a força-tarefa de combate à disseminação do novo coronavírus e, entre elas, estão os médicos veterinários. Embora o trabalho desses especialistas seja mais lembrado pela população por sua atuação junto a animais de companhia, são mais de 80 áreas que contam com a prestação de serviços veterinários.
Além de serem responsáveis pelos animais, também trabalham com foco na saúde da população e na preservação do ambiente. Para explicar de que forma tudo isso acontece e ressaltar o papel fundamental da Medicina Veterinária no dia a dia das pessoas – como a qualidade dos produtos de origem animal, caso de carne, leite, ovos e mel, que chegam à mesa dos brasileiros – o Sistema CFMV/CRMVs preparou uma campanha de conscientização.
Realizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) com o apoio de CRMVs e CFMV, a iniciativa tem como objetivo colocar em pauta os diferentes papéis exercidos por esses profissionais. A cada dia, um post apresentará as atribuições privativas de médicos veterinários e sua importância para a sociedade.
Hoje, quem faz a abordagem é o CRMV-RS, que lança um próximo tema a ser explicado amanhã pelo CRMV-BA.
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Em 1º de junho se comemora o Dia Mundial do Leite, o alimento mais consumido do mundo. Sua diversidade e notável valor nutricional permitem que ele seja processado e consumido em todas as culturas de diversas maneiras, seja no seu estado líquido original, em pó ou na forma de derivados como o queijo, o iogurte e a manteiga.
A data comemorativa foi definida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (na sigla em inglês) como uma forma de reconhecer a importante contribuição do setor leiteiro para a sustentabilidade, o desenvolvimento econômico, o sustento e a nutrição mundiais.
Nesta data, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) destaca a importância desse produto de origem animal para a sociedade e enfatiza o papel do médico-veterinário e do zootecnista para a produção desse alimento.
Os dois profissionais trabalham juntos para garantir a produtividade, o bem-estar e a sustentabilidade da produção de leite no Brasil e no mundo.
Atuação do médico-veterinário e do zootecnista na cadeia produtiva do leite
O médico-veterinário Marne Portela Rêgo, gerente operacional de uma empresa do setor, explica: “A atuação do médico-veterinário e do zootecnista na cadeia produtiva do leite inicia-se no campo, junto ao produtor. É importante destacar as ações na assistência técnica, que hoje está exigindo do profissional o conhecimento de gestão e de suas ferramentas de controle para direcionar as ações de curto, médio e longo prazo”.
De acordo com o zootecnista João Ricardo Albanez, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG) e subsecretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, “o cenário vivenciado é de pandemia e as incertezas estão presentes. A sociedade concentra investimentos no sistema de saúde, buscando a preservação da vida e a manutenção das condições socioeconômicas. Neste momento, o abastecimento alimentar e a produção agropecuária foram considerados serviços essenciais pelos governos. Esses setores, além de assegurar o abastecimento, têm apresentado resultados positivos para a economia”, comenta Albanez.
Segundo Portela, a nutrição tem tido grande evolução com o trabalho de zootecnistas especializados em leite, ajustando as necessidades nutricionais do rebanho, e ao custo dos ingredientes ofertados no mercado. “Esse trabalho tem potencializado a produção e contribuído com a reprodução e sanidade do rebanho.
O médico-veterinário contextualiza o papel dos profissionais na cadeia produtiva do leite. “As indústrias, hoje, contam com funções de profissionais que ficam responsáveis pela aquisição do leite. Eles realizam o acompanhamento a partir do campo, através da atuação na política leiteira, na garantia de qualidade da matéria-prima, atendendo normas regulamentais oficiais (INs Mapa nº 76/77)”, detalha.
Há também, segundo Portela, o trabalho de equipes de qualidade das fábricas, passando por atuação em laboratórios internos de qualidade e na área de gestão das indústrias. “Neste segmento, a ação dos fiscais, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, garante a inocuidade dos produtos ofertados até o consumidor final. A assistência técnica de profissionais ligados à iniciativa privada e a órgãos de pesquisas é de fundamental importância para a evolução da cadeia produtiva do leite em nosso país. Em muitas regiões, a ausência total das ações das entidades governamentais é minimizada pela atuação destes profissionais, como nos laboratórios veterinários e indústrias de rações”, assinala.
Dados
Segundo a FAO, o Brasil está entre os cinco maiores produtores de leite do mundo, atrás apenas de União Europeia, Estados Unidos, Índia e China, e à frente de países como Rússia e Nova Zelândia.
O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), calculado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), registra uma estimativa de receita de R$ 73 bilhões, em 2020. Isso representa mais 8,6% em relação ao ano anterior. A pecuária bovina tem participação de 25% do VBP e o leite contribui com 12,5%.
Nesse aspecto, Albanez conta que deve ser considerado o árduo trabalho dos produtores rurais, neste momento de pandemia, para manter a complexa cadeia da produção do leite. “Esse esforço envolve, também, todos os profissionais, com ênfase para os zootecnistas, que não pararam e continuam trabalhando para que não falte o leite, essencial na alimentação da população”, pontua.
Os números se tornam ainda mais relevantes levando em consideração que os produtores familiares são responsáveis por cerca de 60% do leite produzido no Brasil. “Além disso, continua sendo um dos principais geradores de emprego e renda no campo, mesmo com a estagnação da produção, por conta da crise dos últimos anos, somada ao atual problema causado pela pandemia de covid-19”, destaca Portela.
Segundo a Abraleite, o país possui, só no Sistema de Inspeção Federal (SIF), 781 fábricas, 275 usinas de beneficiamento/cooperativas e 188 postos de resfriamento de leite, distribuídos nas diversas regiões do Brasil. Portela também esclarece o surgimento de diversas oportunidades no setor, nos últimos anos, principalmente relativas à fusões e aquisições de grandes players mundiais, que movimentam o setor e estimulam o aumento na demanda de leite para os próximos anos. “O grande potencial de consumo, não só do nosso país, mas também de toda a América do Sul, e a grande disponibilidade de áreas já utilizadas na produção de leite vêm atraindo essas movimentações corporativas”, avalia.
O médico-veterinário também ressalta o papel de destaque do Brasil na produção leiteira. “O Brasil é um país com potencial de crescimento no consumo de lácteos e com expectativas positivas na melhoria de produção animal. Esses fatores atrelados à característica de produção nacional, que é predominantemente formada por sistemas pouco intensivos, são características que estimulam o aperfeiçoamento do setor. O sucesso da atividade leiteira depende de vários fatores. Só investindo em uma cadeia produtiva organizada é possível enfrentar desafios a médio e a longo prazo e construir um futuro promissor neste segmento, que é umas das bases da economia do agronegócio brasileiro”, assegura Portela.
Benefícios do leite
O ser humano é o único mamífero que toma leite durante toda a sua vida. O leite materno, primeiro alimento fornecido, é extremamente importante para o crescimento e desenvolvimento orgânico e funcional. É rico em gorduras, vitaminas e minerais que são indispensáveis para o desenvolvimento do sistema imunológico.
O leite permanece ativo e presente na dieta do homem durante todo a sua vida, mesmo que em quantidades menores, se comparadas com o período da infância. No entanto, o consumo de produtos lácteos continua sendo fonte importante de cálcio, vitaminas, proteínas, potássio, aminoácidos e fósforo, tendo eficácia comprovada na prevenção de doenças como obesidade, insônia, artrose e osteoporose.
Portela explica a diversificada produção láctea. “Atualmente, o leite mais consumido no mundo é o de origem bovina, mas também se destacam os oriundos dos caprinos, ovinos e outras espécies que, em determinados locais, servem ao homem como fonte de nutrientes”, detalha.
“Neste 1° de junho, Dia Mundial do Leite, data criada pela FAO/ONU, a sociedade deve valorizar esse rico alimento e todos os envolvidos nesta cadeia produtiva”, conclama Albanez.
Diante da necessidade de integração entre o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), foi criado Grupo de Trabalho (GT) com o objetivo de mapear, analisar e sugerir a revisão ou a edição de legislação relacionada ao uso de animais em laboratórios nas atividades de ensino e pesquisa. Para organizar os trabalhos, o GT realizou sua primeira reunião na terça-feira (26) e agendou o próximo encontro para o dia 10 de junho.
O Concea é um órgão integrante do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, responsável por formular as regras para a utilização humanitária de animais com finalidade de ensino ou pesquisa científica, assegurando tratamento digno e ético. O GT do CFMV conta quatro membros do Concea, inclusive sua coordenadora, a médica-veterinária Ekaterina Akimovna Botovchenco Rivera.
Bem-estar animal
Para propor diretrizes de regulamentação relacionadas ao bem-estar animal, o CFMV recriou a Comissão Nacional de Bem-Estar Animal (Cobea), que também deverá revisar e propor a atualização e harmonização da legislação sobre o tema. A comissão ainda deverá apresentar posicionamento técnico e analisar demandas e necessidades dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs).
Relacionamento político
Para assessorar a diretoria e a plenária, o CFMV recriou também a Câmara Técnica de Medicina Veterinária. Seu papel é político-institucional, propondo políticas de atuação profissional e regulamentações relacionadas ao ensino da Medicina Veterinária. O grupo tem, além disso, a missão de sugerir a formalização de parcerias com entidades públicas ou privadas, nacionais e internacionais, relacionadas à Medicina Veterinária.
Com as atividades universitárias suspensas, muitos Programas de Residência em Medicina Veterinária voltaram suas baterias ao combate à covid-19. O novo coronavírus entrou na pauta da formação dos profissionais, seja no atendimento e orientação à população, nas pesquisas ou na Atenção Básica e na Vigilância em Saúde.
“Na Atenção Primária à Saúde, os residentes têm a oportunidade de trabalhar com enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, educadores físicos, odontólogos, assistentes sociais. Podem aprender e mostrar o papel do médico-veterinário na saúde única, na melhoria da saúde integral, numa visão interprofissional” esclarece a médica-veterinária Débora Rochelly, tutora do Núcleo de Medicina Veterinária do programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde (RMAPS), no Centro Universitário de Patos (Unifip).
BAHIA
Os médicos-veterinários dos Programas de Residência da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (Emevz) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) estão atuando em duas frentes durante a suspensão das atividades acadêmicas. Por telefone e WhatsApp, respondem dúvidas sobre a covid-19 e os animais de estimação, de segunda-feira a sexta, das 8h às 16h, pelo número (71) 3283-6736. No plantão telefônico, os residentes têm a supervisão de um preceptor e apoio das comissões regionais de Saúde Pública e de Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA).
Ainda na Ufba, a equipe do Hospital de Medicina Veterinária Renato Renato Rodemburg de Medeiros Neto (Hospmev) está produzindo protetor facial (face shield) para residentes, técnicos e professores da unidade, que foi reaberta no dia 4 de maio. O excedente foi doado ao Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes/Ufba), mais conhecido como Hospital das Clínicas.
Já no curso de Medicina Veterinária da União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime), do município de Lauro de Freitas, os professores disponibilizaram a página do instagram @veterinaria_unime para responder perguntas dos internautas sobre isolamento social, a relação entre a covid-19 e os animais entre outras.
DISTRITO FEDERAL
Na Universidade de Brasília (UnB), os alunos do Programa de Residência Médica-Veterinária que atuam no Hospital Veterinário (HVet) elaboraram um plano de contingência para que a retomada no atendimento do hospital, prevista para 15 de junho, ocorra sem que os profissionais sejam colocados em risco.
O plano foi elaborado de forma a conter instruções que também sirvam a clínicas e hospitais veterinários da capital. “Podemos oferecer essa consultoria gratuita a esses estabelecimentos, levando em consideração as particularidades físicas e o espaço de cada um”, explica Bryam Amorim Santana, médico-veterinário residente que participou do trabalho.
Ele lembra que a função do médico-veterinário não é só atender os animais, mas também está ligada à saúde pública. “É um aprendizado muito importante trabalhar no enfrentamento de uma crise de saúde pública. Precisamos ter ideia de como se faz um plano de contingência e como trabalhar para auxiliar a saúde humana”, diz.
O documento foi elaborado por residentes do segundo ano das seguintes áreas: patologias clínica e veterinária, doenças infecciosas e parasitárias, anestesiologia, anatomia patológica, laboratórios, clínicas médica e cirúrgica, de grandes animais e de animais silvestres.
PARAÍBA
Médicos-veterinários residentes do programa de Residência Multiprofissional em Atenção Primária à Saúde (RMAPS) estão atuando juntamente com outros profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia nos municípios de Patos e Santa Luzia.
Suzanna Lins e Emmanuel Assis integram a equipe que presta orientação à população, dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Patos. Na Vigilância em Saúde, participam das barreiras sanitárias na rodoviária local, recepcionando o orientando passageiros sobre os cuidados de higiene e distanciamento social. Também integram outras ações da prefeitura para levar informação a quem frequenta o mercado público e o comércio local.
Em Santa Luzia, o residente Pedro da Silva também atua na UBS, na Vigilância em Saúde. Realiza o atendimento virtual (TeleSaúde), esclarecendo dúvidas da população sobre a covid-19, entre outras ações de educação em saúde.
RIO DE JANEIRO
Assim como na Ufba, médicos-veterinários do curso de Residência em Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF) estão integrando um teleatendimento para esclarecer dúvidas sobre os impactos da covid-19 em animais domésticos e os cuidados a serem tomados durante o período de distanciamento social.
A iniciativa é realizada em parceria com o Departamento de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses, da Fundação Municipal de Saúde da Prefeitura de Niterói, onde fica a universidade. O atendimento dos residentes é feito pelo telefone (21) 2613-3246, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
SÃO PAULO
Estado com o maior número de casos de covid-19, São Paulo protagoniza várias iniciativas envolvendo residentes. Programas de residência em Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMVA-Unesp, campus Araçatuba; FMVZ-Unesp, campus Botucatu; e FCAV-Unesp, em Jaboticabal), além da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) estão com equipes mobilizadas.
Os residentes da FMVA-Unesp estão atuando na Vigilância Epidemiológica no combate à covid-19, apoiando o registro e análise de dados da pandemia, e em atividades no Centro de Controle de Zoonoses. “Nossos residentes foram treinados a orientar os pacientes e são acompanhados pelos responsáveis técnicos”, afirma Alexandre Lima de Andrade, supervisor do Hospital Veterinário da FMVA-Unesp.
Entre as ações da FMVZ-Unesp, 32 residentes participam do Núcleo Interno de Regulação (NIR) do Hospital das Clínicas de Botucatu. Em parceria com enfermeiros e funcionários, fazem gerenciamento de leitos e regulação de vagas para o Ambulatório de Triagem Especial do setor de infectologia do HC. Além disso, em parceria com a Vigilância Sanitária, 12 médicos-veterinários residentes compõem as equipes de trabalho para orientar sobre medidas de prevenção para evitar a contaminação dos alimentos pelo coronavírus em mercados e pequenos comércios.
Membro do programa de residência da FCAV-Unesp, a professora Karina Paes Bürger, explica que a atuação dos médicos-veterinários residentes no Centro de Atendimento ao Coronavírus (CAC), na Atenção Básica e na Vigilância em Saúde estimula a integração e tem como objetivo fortalecer a capacidade de resposta dos serviços de saúde em Jaboticabal. “Esses profissionais desenvolvem atividades em toda a cadeia de ações de prevenção, laboratório, ambiente e orientação sobre higiene, uso de equipamentos de proteção, conhecimento sobre todas as formas de transmissibilidade e sobre virologia, informação epidemiológica e proteção à saúde”, ressalta.
Entre as ações da FMVZ-USP estão o convênio firmado com o Centro de Controle de Zoonoses e a integração ao núcleo do Hospital Universitário (HU) da USP para colaborar com o diagnóstico molecular da covid-19. “Realizamos a pesquisa de SARS-CoV-2 nas amostras recebidas de hospitais, contando com pesquisadores e alunos de pós-graduação”, afirma o coordenador Paulo Eduardo Brandão, professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal, enfatizando que médicos-veterinários têm uma sólida formação em zoonoses e saúde pública, por isso são altamente capazes de prestar auxílio.
Os residentes da FMVZ-USP também abordam e aplicam questionários aos pacientes na entrada do HU; fazem compilação e atualização de dados para encaminhamento dos casos, assim como a intermediação dos casos suspeitos entre o HU e o Hospital das Clínicas (HC) para possível transferência. “Isso comprova que somos agentes de saúde. Temos docentes envolvidos em pesquisas, médicos-veterinários residentes participando em ações diretas no HU, ou seja, engajamento total”, diz o coordenador André Zoppa, diretor do Hospital Veterinário da instituição.
Saiba mais sobre a atuação dos residentes no enfrentamento à pandemia da covid-19:
Diretores e Conselheiros do CRMV-PB participaram, na tarde de ontem (28), da 243° Sessão Plenária Ordinária da Autarquia, realizada de forma online e presencial, onde foram discutidos e analisados processos administrativos de pessoas física e jurídica, aprovação das inscrições dos novos profissionais, além de outros assuntos relacionados à Medicina Veterinária e Zootecnia da Paraíba.
Com o objetivo de garantir a segurança dos membros e servidores que participaram da sessão de forma presencial, foram adotadas todas as medidas preventivas preconizadas pelas autoridades sanitárias.
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap) inicia na próxima segunda-feira (1) a 1ª etapa da campanha de vacinação contra febre aftosa em todas as regiões do Estado. Nesta primeira etapa, que acontece de 1 a 30 de junho, deve ser vacinado todo o rebanho paraibano, que atualmente é de 1.285.952 bovinos e 1.976 bubalinos, de acordo com dados da Gerência de Defesa Agropecuária do Estado (Geda).
O secretário do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca, Efraim Morais, comentou que essa é uma campanha diferente. “Sabemos das dificuldades que ora atravessamos devido à pandemia do Covid-19, mas a Sedap, juntamente com o corpo técnico, montou uma estratégia operacional sem ferir o decreto governamental existente e com certeza vamos obter êxito no resultado da etapa e prosseguirmos com o nosso desiderato já previamente planejado”, afirmou.
Ele lembrou que recentemente o governador João Azevêdo adquiriu 25 veículos para apoiar as ações da Defesa Agropecuária, os quais, logo após esse momento de pandemia, serão distribuídos nos escritórios da Sedap para melhorar a qualidade do atendimento ao pecuarista paraibano.
Efraim Morais fez um apelo para que todos os criadores atendam ao chamamento, no sentido de vacinarem seus animais, “para que, em breve, possamos ficar definitivamente livres de vacina. É óbvio que para alcançarmos esse objetivo, temos que fazer agora, todos juntos, o nosso dever de casa”.
Os criadores terão até o dia 30 de junho para comprar as vacinas contra a doença em farmácias autorizadas e vacinarem seus rebanhos. Mesmo quem tem apenas uma cabeça de gado está obrigado a cumprir com a determinação do Ministério da Agricultura.
Segundo o gerente da Defesa Agropecuária, Rubens Tadeu, todos os técnicos estão envolvidos na campanha para percorrer as propriedades a fim de fiscalizar e orientar sobre a importância de continuar vacinando o rebanho. Ele lembra que, após o prazo, os criadores terão 10 dias para comprovar a vacinação em escritórios da Geda. “É muito importante que os criadores comprovem a vacinação para evitar sanções e multas e poder transitar livremente dentro do Estado com o seu rebanho”, alertou.
O Instituto Vital Brazil (IVB), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e instituição centenária com vasta expertise em Saúde Pública, começou, hoje, 27/05, a primeira etapa de testes para um novo tratamento contra o coronavírus (SARS-Cov-2), que causa a Covid-19, na Fazenda Vital Brazil, em Cachoeiras de Macacu (RJ).
Trata-se da produção de um soro hiperimune feito a partir da inoculação do vírus em cavalos para a criação de anticorpos. Para esta primeira fase piloto, pesquisadores do IVB irão inocular 10 cavalos com dois tipos de antígenos: cinco com a proteína S do vírus SARS-Cov-2, e outros cinco com o vírus inativado. De 4 a 6 semanas, será o período de inoculação e observação para acompanhar a curva de produção de anticorpos nos animais.
O método é semelhante ao usado para a produção de soros, como o utilizado contra a raiva ou contra venenos de animais peçonhentos, feitos a partir do plasma de cavalos. Segundo o IVB, o soro hiperimune atuará na fase inicial da infecção, no controle da replicação do vírus no organismo do paciente.
Para esta primeira fase de testes, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) isolou e inativou o vírus do novo coronavírus para que a inoculação fosse feita de forma segura nos animais. Também são parceiros na iniciativa a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor).
Tratamento da Covid-19
Após esta primeira fase de inoculação de antígenos em cavalos, o soro hiperimune produzido passará por um processo industrial até chegar a forma do soro como conhecemos. A liberação para testagem em seres humanos deve levar de 4 a 6 meses para acontecer.
Porém, como explica o médico-veterinário e vice-presidente do IVB, Luis Eduardo Ribeiro da Cunha, o medicamento estará disponível para atender profissionais da saúde que estiverem com exposição alta à Covid-19 e que já apresentem sintomas leves da doença, pacientes em estágio mais adiantado e pessoas imunodeprimidas. “O soro hiperimune é uma opção terapêutica importante, mas com uso bem específico”, afirma o médico-veterinário.
Saúde Única
Esta iniciativa do Instituto Vital Brazil exemplifica bem a intersecção entre as saúde humana, saúde animal e saúde ambiental, constituindo o conceito de Saúde Única, preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual o trabalho do médico-veterinário é primordial.
À frente desta primeira fase dos testes, está o médico-veterinário Luis Eduardo Ribeiro da Cunha, que também é presidente da Comissão Estadual de Biotecnologia e Biossegurança, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ).
O médico-veterinário coordenou toda a elaboração dos protocolos de imunização, que compreendem os processos de inoculações, sangria e a produção do soro hiperimune, juntamente com uma equipe multiprofissional que conta, ainda, com o trabalho de mais oito médicos-veterinários.
“Com certeza o médico-veterinário, com todo o seu conhecimento em virologia e imunobiologia, é importantíssimo neste projeto. Desde todo o conceito de saúde única, levando em consideração até mesmo a origem do vírus, que pode ser uma zoonose, passando pela sanidade e o bem-estar dos animais, a produção do soro hiperimune e o controle de qualidade”, destaca o médico-veterinário e vice-presidente do IVB, Luis Eduardo Ribeiro da Cunha.
Bem-estar animal
O médico-veterinário explica que o cavalo é a espécie animal mais recomenda para este tipo de produção de soro hiperimune por ser encontrado facilmente em todo o mundo, o que permite uma padronização do soro, além de ser um excelente doador de sangue.
Durante todo o processo de inoculação dos antígenos, o bem-estar animal está presente, de acordo com o vice-presidente do IVB e coordenador do projeto, Luis Eduardo Ribeiro da Cunha, “os cavalos são bem tratados e bem alimentados, além da questão sanitária. Tomamos todos os cuidados para que o organismo não seja afetado. As hemácias voltam para o corpo do animal, porque o que nos interessa é o plasma que é o material-base do nosso trabalho”.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Paraíba (CRMV-PB) obtém liminar para retificação salarial para o cargo de médico-veterinário ofertado no concurso público edital nº 001/2020 PMT/PB, do município de Tenório/PB.
De acordo com o edital o profissional aprovado na seleção e contratado pelo município receberia o valor de R$ 1.045,00 (hum mil e quarenta e cinco reais), por jornadas de 40 horas semanais.
O Juízo da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária da Paraíba deferiu o pedido de tutela de urgência, determinando que a “Prefeitura de Tenório/PB retifique, no prazo de 30 dias, o Edital nº. 001/2020, fixando do piso salarial do cargo de Médico Veterinário em 6 salários mínimos para uma jornada de 30 horas semanais, acrescidas de 25% as horas excedentes das 6 (seis) diárias de serviços.”
Para a presidente do CRMV/PB, Méd. Vet. Valéria Cavalcanti, “o médico-veterinário é um profissional de saúde que trabalha com os três pilares saúde animal, saúde humana e saúde ambiental, essa decisão representa a valorização profissional”, comemora Cavalcanti.
Um relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em outubro de 2019, revela que pelo menos 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo têm problemas de visão. Desse total, ao menos um bilhão tem problemas de visão que poderiam ter sido evitados, se tivessem recebidos cuidados adequados, como condições de miopia, hipermetropia, glaucoma e catarata. No Brasil, 26 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, doença que pode causar a cegueira em humanos, mas também em animais, sendo mais comum em cão, gato e cavalo.
Para explicar o que é o glaucoma, como a doença se manifesta em animais, quais são as formas de prevenir e como garantir o bem-estar dos animais afetados, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) entrevistou a pós-doutora em Cirurgia Veterinária Andréia Vitor Couto do Amaral, professora da Universidade Federal de Jataí (UFJ), em Goiás.
Para quem tem um animal com glaucoma, a professora orienta o que fazer para mantê-lo seguro, enriquecendo o ambiente com uma rotina de cuidados e garantindo a ele independência de forma saudável. O CFMV alerta: abandono de animais é crime, a doença não é transmissível, tampouco impede a convivência fraterna e saudável. Pelo contrário, com a orientação adequada de um médico-veterinário, os animais melhoram e enriquecem a vida e a saúde de seus tutores.
Confira a seguir a entrevista.
O que é o glaucoma? Quais são os danos que ele causa?
O glaucoma constitui um grupo heterogêneo de distúrbios (glaucoma primário de ângulo aberto, primário de ângulo fechado ou estreito, glaucoma secundário, por exemplo) que geralmente estão associados ao aumento da pressão intraocular (PIO), constituindo uma das causas mais comuns de cegueira irreversível em cães.
O que causa o glaucoma em animais? Pode ser hereditário, genético? Pode surgir a partir de fatores externos, por complicação de outras doenças?
Alguns podem ser herdados e, geralmente, surgem na idade adulta. Os tipos de glaucoma que podem ser hereditários são os glaucomas primários.
O glaucoma secundário pode ser decorrente de diversas alterações intraoculares que impossibilitam a correta drenagem do aquoso (líquido intraocular), causando aumentos na PIO, como uveíte (inflamação da úvea – íris, coroide e corpo ciliar – que pode causar cegueira), catarata, úlceras de córnea complicadas e retinopatias. Por sua vez, essas alterações intraoculares podem ser consequência de afecções sistêmicas, tais como hemoparasitoses, doenças endócrinas e renais, entre outras. Por esses motivos, os glaucomas secundários são mais comuns que os glaucomas primários.
Os glaucomas primários não têm associação consistente com outra alteração ocular pregressa ou sistêmica, são tipicamente bilaterais, têm forte predisposição racial e, portanto, acredita-se que tenham uma base genética.
Quais são os animais que podem ser acometidos com essa doença? Quais são as espécies e raças mais predispostas a ter glaucoma?
O glaucoma já foi reportado em diversas espécies domésticas e selvagens, entretanto, é mais estudado em cães, gatos e cavalos. Algumas raças de cães possuem predisposição ao glaucoma primário:
Raça
Tipo do Glaucoma Primário
Basset Hound
Ângulo estreito a fechado
Beagle
Ângulo aberto
Border Collie
Ângulo estreito a fechado
Bouvier des Flandres
Ângulo estreito a fechado
Chow Chow
Ângulo estreito a fechado
Cocker Spaniel americano
Ângulo estreito a fechado
Golden Retriever
Ângulo estreito a fechado
Samoieda
Ângulo estreito a fechado
Shar Pei
Ângulo aberto
Quais são os sintomas que podem ser observados pelos tutores para prevenir a doença em seus animais?
Infelizmente, quando o tutor observar algum sinal clínico relativo ao glaucoma em seus animais, a doença já está instalada. Geralmente, são observados sinais inespecíficos, tais como opacidades de córnea, irritação da esclera (hiperemia episcleral), contração involuntária da pálpebra (blefaroespasmo). Por essa razão, é de fundamental importância o imediato exame pelo médico-veterinário especializado em oftalmologia veterinária, para que se possa fechar o diagnóstico e definir o tratamento mais adequado.
Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico precoce ajuda a conter o avanço da doença?
O diagnóstico é realizado por meio identificação dos sinais clínicos, com a aferição da pressão intraocular (geralmente tonometria de aplanação ou de rebote), a gonioscopia e a fundoscopia para avaliação da retina e nervo óptico. Outros métodos diagnósticos incluem a ultrassonografia e a eletrorretinografia, que também são de extrema importância. Geralmente, os equipamentos utilizados para esses métodos diagnósticos implicam alto custo, razão pela qual são mais empregados em centros de referência.
O diagnóstico precoce do glaucoma primário de ângulo fechado ou estreito, em raças predispostas, poderá ser feito pelo oftalmologista veterinário, a partir do exame oftálmico completo e de um exame específico que se chama gonioscopia. No exame, o ângulo de drenagem aparece gonioscopicamente estreito ou fechado. Infelizmente, esse exame não irá diagnosticar precocemente o glaucoma primário de ângulo aberto, no qual o ângulo de drenagem parece gonioscopicamente normal (presumivelmente porque o impedimento à saída do aquoso é profundo nos ligamentos pectinados). Entretanto, é importante realizar esses exames em raças predispostas e com histórico familiar de glaucoma, pois, no cão, o glaucoma primário de ângulo fechado é pelo menos oito vezes mais comum que o glaucoma primário de ângulo aberto. O diagnóstico precoce é fundamental para início do acompanhamento e instituição de diretrizes para conter o avanço da doença.
A mutação genética responsável pelo glaucoma primário nas raças Basset Hound e Shar Pei foi descoberta por geneticistas do Kennel Club Genetics Center, no Animal Health Trust, e um teste de DNA está disponível (https://www.thekennelclub.org.uk/). O teste de DNA é de inestimável valor para rastrear com segurança a enfermidade nessas raças, pois não há fator predisponente que possa ser encontrado precocemente por meio de exames oftálmicos.
Imagem: Tonometria de aplanação em cão (Fonte: arquivo pessoal da Dra. Andréia Vitor Couto do Amaral).
Existe tratamento? E cura? Há indicação de cirurgia?
Sim, existe tratamento do glaucoma. O principal objetivo do tratamento é parar as alterações glaucomatosas causadas pelo aumento da PIO que comprometem o nervo óptico e a retina, impedindo a progressão da doença e a cegueira irreversível.
No entanto, atualmente, o tratamento do glaucoma é limitado à redução da PIO elevada, o que nem sempre impede ou retarda a progressão da doença. Os esforços são concentrados na proteção indireta do nervo óptico, por meio da redução da PIO.
A PIO, por sua vez, pode ser diminuída por meio de tratamento cirúrgico e farmacológico. A escolha do tratamento dependerá de diversos fatores. Um esquema poderá auxiliar esse entendimento:
Imagem: Paciente com glaucoma, cego do olho esquerdo. Na foto à esquerda, pode-se notar buftalmia e vasos episclerais ingurgitados no olho esquerdo. Na foto da direita, 21 dias após procedimento de ciclodestruição, utilizando injeção intravítrea de gentamina, nota-se a remissão da buftalmia e da hiperemia episcleral (Foto: arquivo pessoal da Dra. Andréia Vitor Couto do Amaral).
Sabe-se que o caminho comum final de todas as formas de glaucoma é a perda progressiva de células ganglionares da retina (um tipo de neurônio encontrado na retina) e seus axônios (uma parte do neurônio responsável pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular), mesmo quando a PIO é efetivamente controlada.
Assim, atualmente, muitos esforços científicos estão voltados para a neuroproteção e terapias genéticas, inclusive com implantes intravítreos de células-tronco, além do diagnóstico precoce por meio de biomarcadores.
A Medicina Veterinária também trilha esse caminho e espera-se, num futuro próximo, o acesso a terapias efetivas para preservar a visão em animais portadores de glaucoma.
Tratamento caseiros são seguros e eficazes?
Absolutamente não. Não devem ser experimentados tratamentos caseiros em animais com alterações oculares, que sempre necessitam de exames especializados do médico-veterinário para o correto diagnóstico, indicação do tratamento e acompanhamento da evolução do quadro.
Uma vez com glaucoma, quais são as recomendações para que o animal tenha uma vida saudável e confortável?
É necessário seguir todas as indicações prescritas pelo médico-veterinário, tais como frequência de instilações de colírios, visitas para acompanhamento clínico e exames periódicos, que serão definidos mediante cada caso em particular, a depender do tipo de glaucoma, tipo de tratamento e evolução do quadro. É importante salientar que um animal com glaucoma necessitará de cuidados médicos e acompanhamento por toda a vida.
Caso o animal perca a visão, apesar de conseguir lidar bem com isso e ser surpreendentemente independente, são necessários alguns cuidados:
– não mude objetos de lugar de forma frequente ou substanciosa;
– proteja escadas e piscinas;
– ensine-o onde estão água, ração e deixe próximo de sua cama;
– sempre monitore a ingestão de água;
– reserve uma hora do dia para brincar com seu animal;
– dê preferências a brinquedos com som;
– leve o animal para passear, mas prefira lugares com menor poluição sonora e use sempre uma guia bem segura.
Para mensurar a contribuição global da Medicina Veterinária ao enfrentamento da pandemia, a Universidade de Berna, na Suíça, elaborou uma pesquisa com o intuito de identificar como os profissionais que trabalham com saúde animal têm ajudado no combate à covid-19.
O objetivo é identificar os papéis e relacionamentos que foram formados durante a pandemia. Com isso, será possível explorar maneiras de fortalecer esses vínculos e construir novos, que ajudem a lidar com futuras crises humanas, animais ou de saúde única.
O questionário está disponível em inglês, espanhol, português e francês. A participação é anônima e promete ser bem rápida, com uma duração inferior a dez minutos. Participe!
O projeto é uma colaboração entre o Instituto de Saúde Pública Veterinária (VPHI), da Universidade de Berna (Suíça); a Rede Europeia de Eco Saúde e Saúde Única (NEOH) e a Universidade da Cidade de Hong Kong (RAE de Hong Kong).