Médicos Veterinários trabalham como voluntários no maior incêndio da história do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
O maior incêndio da história do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no interior de Goiás, já consumiu 27% da vegetação. As chamas queimaram 65 mil hectares do parque. A fauna silvestre é a principal vítima do incêndio, controlado esta semana. A estimativa é que a recuperação total da área dure até 10 anos.
Além de ser primavera – estação reprodutiva de boa parte das espécies do bioma, muitos animais de grande porte (como lobos-guará, veados-catingueiros ou onças) e aves (como a arara-canindé e os tucanos) fogem desorientados do fogo e são atropelados. Além disso, filhotes são abandonados.
A tragédia mobilizou governos e voluntários. População local, bombeiros, brigadistas, servidores do ICMBio, Ibama, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar do DF e da Força Aérea Brasileira (FAB) trabalham no local. Junto com eles, atuam médicos veterinários voluntários, muitos deles fazem parte do grupo mineiro Veterinários na Estrada. O grupo saiu de Minas Gerais e montou um centro de atendimento no município de Cavalcante (GO) perto do parque.
A médica veterinária Carla Sassi é uma das voluntárias atuantes no salvamento da fauna silvestre da chapada. “Estamos trabalhando há uma semana no local e já começamos a busca ativa em campos onde o não há mais incêndio. Atuamos também na questão da saúde pública”, afirma.
Carla esclarece que a rápida reprodução de animais domésticos na região pode causar problemas. Cães e gatos migram para regiões atingidas, se tornam predadores, transmitem e pegam doenças. E os animais silvestres que vão às cidades à procura de segurança também podem transmitir doenças.
“ Muitos veterinários querem ser voluntários em situações de calamidade como esta, mas acabam ficando frustrados por não conseguir atuar no campo. Sempre me interessei por essa área. Fiz curso de brigadistas e socorrista. Aconselho a todos que querem se envolver em situações de emergência a fazer esses treinamentos”, declara Carla.
O Jardim Zoológico de Brasília também mandou reforços que, além de buscar pelos animais atingidos pelo fogo, está capacitando a população local para que possam ajudar no resgate.
O médico veterinário Gerson Norberto, diretor do zoológico, diz que ainda não é possível saber o tamanho da perda da fauna. “Agora que o fogo foi apagado, brigadistas e voluntários vão iniciar a busca ativa na região”.
Ele explica que qualquer animal que seja encontrado em campo ou atropelado será atendido em dois pontos de apoio, um em Alto Paraíso e outro em Cavalcante. Se o animal tiver tido uma lesão leve, ele será tratado e solto em uma área segura, mas, se for necessário passar por cirurgia, o animal será transportado ao zoológico de Brasília.
“Como médico veterinário estamos fazendo nosso papel. O profissional que trabalha com animais silvestres tem de ter um amplo leque de instrução. Conhecer um pouco de tudo que envolve o habitat e comportamento das espécies. Saber sobre legislação, ecologia, licenciamento e até sinalização nas estradas. Não somos médicos só de ambulatório”, alerta Gerson.
“É um trabalho de doação. Fico dias longe de casa e da família. Às vezes sem dormir. Toda vida que conseguimos salvar é gratificante. Quando acontecer alguma calamidade próxima a você, que é médico veterinário, se coloque à disposição para estar recebendo os animais no seu estabelecimento. Essa ajuda é muito bem-vinda! “, finaliza a médica veterinária Carla Sassi.
De acordo com informações do portal ICMBio, o Ministério do Meio Ambiente afirma que há fortes indícios de que alguns dos focos foram ateados de propósito e de forma criminosa. Os polícias ambiental e civil de Goiás estão investigando relatos.
Fonte CFMV (acesso em 01/11/17)
03