Seminário do CFMV finaliza com temas inovadores sobre papel do médico veterinário e zootecnista na área ambiental
O tratamento e qualidade de vida de animais em cativeiro foi apresentado pelos palestrantes durante o último dia do I Seminário Nacional sobre o papel do Médico Veterinário e Zootecnista na Área Ambiental, que ocorreu de 7 a 8 de junho, em Cuiabá (MT).
A médica veterinária Cristiane Pizzutto, integrante da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do CRMV-SP, falou sobre enriquecimento ambiental na criação de fauna selvagem.
“O enriquecimento é uma ferramenta importante para tentar resgatar o comportamento original da espécie. Pequenos gestos muitas vezes contribuem para a qualidade de vida que os animais estão precisando”, diz Pizzutto.
Segundo ela, não tem como se falar em enriquecimento sem estudar o comportamento animal. “Devemos pensar sempre se o ambiente que colocamos para o animal é efetivo, se ele consegue de fato se adaptar a ele”, afirma.
A atual realidade dos Centros de Triagem para Animais Silvestres (Cetas) foi tema de palestra da integrante da Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS/CFMV), Valéria Natascha Teixeira.
“Os Cetas são ambientes necessários, já que nossa vida atual impacta diretamente a vida dos animais”. Ela explica que diferente dos zoológicos, os Cetas são locais de recuperação de animais, com visita programada e monitorada. Atualmente, são 24 Cetas oficiais em 19 estados do Brasil, mais o Distrito Federal.
A médica veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Sandra Corrêa, abordou, em sua palestra, a gestão ambiental em zoológicos. Ela ressaltou que as principais funções do zoológico estão baseadas em conservação, educação, pesquisa e recreação.
“O cativeiro hoje tem função importantíssima para a vida livre e vice-versa. Temos que dar ao cativeiro a melhor qualidade de existência para o animal e fazer com que as pessoas interajam com uma visão ética”, acredita.
A gestão ambiental do local, segundo Corrêa, inclui avaliar os efeitos e impactos da interação com o animal, além de estabelecer procedimentos que minimizam seus impactos e otimizar o uso de recursos naturais, humanos e financeiros.
Segurança alimentar e agrotóxicos
A sustentabilidade ligada à segurança alimentar foi abordada pela presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente (CNMA) do CFMV, Maria Izabel Medeiros.
A definição de sustentabilidade está no uso de componentes da diversidade biológica que não causem sua diminuição a longo prazo para atender necessidades humanas, presentes e futuras.
“Para o médico veterinário e zootecnista, a produção de alimentos de origem animal pode ser feita com sustentabilidade por meio da integração lavoura-pecuária-floresta, do plantio direto, do descarte de embalagens, da recuperação de pastagens, da rastreabilidade, do manejo da água, entre outras formas”, cita Medeiros.
Os efeitos dos agrotóxicos no alimento, saúde e ambiente foram apresentados pelo médico e professor da UFMT, Wanderlei Pignati. Já os aspectos ambientais e legais em relação aos agrotóxicos também foram abordados pelo procurador de justiça de defesa ambiental e da ordem urbanística e professor de direito da UFMT, Luiz Alberto Scaloppe.
Participação agregadora
O professor de Zootecnia do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Roney Medes, viu no encontro uma iniciativa valiosa para se atualizar. “A abrangência ambiental do encontro é muito grande, e vim para saber mais sobre os meandros do licenciamento e o que fazer com dejetos. São incógnitas que no dia a dia da profissão não ficamos sabendo”, diz.
A estudante de Medicina Veterinária da UFMT, Victória Barros, está somente no 3º semestre, mas desde o início da graduação tem interesse em atuar na área ambiental.
“Comecei fazendo estágio com crocodilianos na área urbana, agora faço com pequenos anfíbios. Acho interessante como essa atuação pode afetar o meio ambiente, mas vim para o evento pois não sabia como o profissional poderia trabalhar na área”, explica.
A médica veterinária Fernanda Maia também tem conexão com a área ambiental desde a graduação. Atualmente, trabalha na Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento Agrícola e Meio Ambiente de Campo Verde (MT), com foco na área de sustentabilidade.
“A relação entre os médicos veterinários e a área ambiental sempre ficava em segundo plano, o que mudou um pouco com o conceito de Saúde Única. Precisamos fazer com que a população consiga interiorizar o conceito de sustentabilidade e preservação do meio ambiente, mostrando que é possível ter produtividade conservando o meio ambiente”, finaliza.
Diretrizes finais
As discussões do Seminário irão subsidiar a construção de um documento com a colaboração de todos os participantes, denominado “Carta de Cuiabá”. “Para mim e para toda a CNMA o evento foi muito gratificante. Espero que seja o primeiro de muitos”, finaliza a presidente da CNMA/CFMV, Maria Izabel Medeiros.
As palestras dos dois dias de evento estarão disponíveis no site do CFMV em breve.
Assessoria de Comunicação do CFMV