17 de Junho – Dia da Medicina Veterinária Militar. Conheça as histórias de médicos veterinários militares brasileiros
A rotina de um médico veterinário militar é desafiadora. Ela demanda respeito, hierarquia, comprometimento, ética, obediência e trabalho em equipe. E também é gratificante!
A Medicina Veterinária Militar evoluiu ao longo da história, adaptando-se às novas características de combate. Hoje, os profissionais atuam em diversas frentes, em vários quartéis pelo Brasil ou nas Missões de Paz da Organização das Nações Unidas em outros países.
O médico veterinário militar é um profissional polivalente. Ele se encarrega de garantir a biossegurança dos quartéis e das operações, atua no controle das zoonoses e na preservação ambiental. Também zela pela saúde e bem-estar dos animais que participam das missões militares e pelo controle de qualidade da água e dos alimentos consumidos pelas tropas.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) parabeniza os profissionais pelo Dia da Medicina Veterinária Militar, comemorado em 17 de junho.
Exército, Marinha e Aeronáutica e Policia Militar. Em cada uma delas, há opções de ingresso como médico veterinário militar. A Assessoria de Comunicação do CFMV vai mostrar para você as trajetórias e curiosidades desses profissionais nas quatro instituições. Vamos contar suas angústias, vitórias, esforços e realizações. Confira!
Tenente Flávia Aline Silveira Alvim Mendes de Oliveira
Médica Veterinária – Aeronáutica
A Tenente Flávia Aline sempre foi apaixonada por animais e planejava desde a infância ser médica veterinária. Agora, sente-se realizada. Ela trabalha no canil do Pelotão de Cães de Guerra da Aeronáutica , que possui como objetivo criar, treinar e reproduzir cães para atuarem em missões de faro de entorpecentes, munições e armamentos; missões de operação de controle de distúrbio, dentre outras obrigações em que a Infantaria da Aeronáutica está envolvida.
Tenente Flávia Aline vacina cão do canil do Grupo de Defesa e Segurança. Foto: Arquivo Pessoal.
A possibilidade de trabalhar com animais que possuem uma finalidade diferente da qual os médicos veterinários estão habituados na clínica, foi o que determinou o ingresso dela na Força Aérea Brasileira. “Eu estava em fase de conclusão do mestrado e queria aplicar os conhecimentos adquiridos durante esse período de estudo. Era um desafio na minha carreira”, diz a tenente
“Como oficial da Aeronáutica também possuímos outras atribuições além da Medicina Veterinária, ministramos instruções em exercícios de campanha, participamos de formaturas, serviços de guarda e segurança da unidade, dentre outras atividades militares”, conta.
Aos colegas médicos veterinários e graduandos ela deixa um conselho: “A carreira militar é desafiadora e agrega valores, conhecimentos e experiências ímpares que somente são vivenciados por quem integra a Força Aérea Brasileira”.
Coronel Beatriz Helena Felício Telles Ferreira
Médica Veterinária Militar – Exército Brasileiro
“Sempre soube que a Medicina Veterinária seria minha escolha profissional. Minha mãe brinca que aprendi a dizer a palavra veterinária antes de falar a palavra mamãe”, relata Beatriz Ferreira.
Ela ingressou no Exército Brasileiro, há 25 anos, quando a instituição abriu portas ao público feminino pela primeira vez. Beatriz sonhava em trabalhar com equinos, pois praticava equitação, mas acabou atuando na área de Inspeção e Segurança de Alimentos. ”Apesar das minhas expectativas não terem sido correspondidas, foi o descortinar de um mundo que me realizou profissionalmente, os desafios eram e continuam sendo muitos”, relata.
Agora, aos 49 anos, casada e mãe de Mateus, a Coronel recorda de quando decidiu entrar para o Exército. “Ainda recém-formada trabalhava num Hospital Veterinário de pequenos animais e um dos colegas veterinários tomou conhecimento do concurso: seria o primeiro para veterinários e mulheres! Ou seja, concurso sob medida para mim!”.
Coronel Beatriz Helena Felício. Foto: Arquivo Pessoal.
Beatriz conta que um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi servir na Academia Militar das Agulhas Negras e ter a oportunidade de integrar a Comissão de Alimentação das Forças Armadas (CEAFA). “Não medi esforços para colocar tudo em prática onde quer que eu estivesse: seja cozinhas com instalações fixas, seja em cozinhas de campanha, que são móveis e acompanham o deslocamento das tropas”, diz.
Na opinião de Beatriz, o apoio da família e de parentes mais próximos é crucial para o sucesso na carreira. “Ser médica veterinária militar é uma oportunidade incrível de aprimoramento profissional. Há muito o que fazer em nossas organizações, especialmente quando o médico veterinário está focado na Segurança e Inspeção de Alimentos e na Saúde Pública”, afirma.
Primeiro-Tenente Maria Alice Fusco de Souza
Médica Veterinária – Marinha do Brasil
Maria Alice conta que quando soube da possibilidade de atuar como médica veterinária na Marinha e, mais especificamente, no cuidado e manejo dos animais de laboratório, resolveu prestar o concurso da corporação, em 2014.
“Essa área me chamou a atenção de maneira especial: Na época, ainda não havia legislação específica sobre o uso humanitário dos animais na pesquisa e no ensino. Senti que eu poderia atuar nesse campo de forma a defender o uso ético dos animais de laboratório”, conta.
Primeiro-Tenente Alice Fusco. Foto: Arquivo Pessoal.
Hoje, Maria Alice atua no Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) do Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro (RJ). O trabalho dela tem como objetivo primordial o uso ético dos animais na Pesquisa e no Ensino. “Assim, quando o uso de animais de laboratório não pode ser substituído por métodos alternativos, cabe ao médico veterinário prover adequado manejo desde a criação e manutenção, além dos cuidados que se façam necessários, como analgesia, anestesia, uso de apropriada técnica cirúrgica, dentre outras práticas privativas do médico veterinário”, afirma.
Segundo Maria Alice a Marinha possibilita atuação dela de maneira irrestrita, sendo atendida em todas as demandas em que o objetivo final seja o cumprimento da legislação brasileira atual sobre o uso de animais de laboratório.
Primeiro-Tenente Norberto Izaias Rosa Borges
Médico Veterinário – Marinha
Noberto sempre teve a intenção de se alistar nas Forças Armadas e trabalhar especificamente na área de Saúde Pública. Ele ingressou em 2013 na Marinha. Após passar por treinamentos e experiências, hoje o Primeiro-tenente atua como de oficial médico veterinário, na área da Saúde Animal e Saúde Pública.
“Eu trabalho na área clínica, primeiros socorros e profilaxia, elaborando e efetivando o calendário sanitário dos animais, com vacinações, vermifugações, exames, pulverizações e vassoura de fogo no ambiente. Na esfera da Saúde Pública, trabalho com gerenciamento de uso de parasiticidas, desinfecções do ambiente, controle de vetores e animais sinatrópicos” narra Norberto.
Primeiro-Tenente Norberto. Foto: Arquivo Pessoal.
Ele conta que, durante a vida acadêmica, trabalhou em haras de equitação e equoterapia e como supervisor de produção em indústrias de alimento, foi quando ele teve a oportunidade de se familiarizar com áreas como gestão de qualidade, de produção e de pessoas.
“Essa carga de conhecimentos técnicos e gerenciais possibilitou a me tornar um médico veterinário oficial. E atuar tanto na área especifica veterinária como também na área militar, conduzindo ou assessorando o comando, militares do canil ou de outras seções, para um bom andamento das missões dentro do princípio geral da hierarquia, disciplina e da ética profissional.”
Tenente Coronel Graciany Batista Pires
Médica Veterinária – Polícia Militar do Distrito Federal
Graciany nunca pensou em entrar para área militar. Seu esposo a inscreveu no concurso, em 1996 e o destino a presenteou com uma brilhante carreira. “Para mim não foi difícil, pois sempre gostei de usar uniforme e fui bem disciplinada. Também adoro fazer atividade física”
A Tenente Coronel assumiu recentemente a chefia do Centro de Medicina Veterinária da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). “Na PMDF, dediquei-me aos cães policiais, diretamente, e indiretamente aos policiais cinotécnicos. Aprofundei meu trabalho e estudos em bem-estar animal, comportamento animal, etologia e behaviorismo”. Ela acrescenta que hoje está aprendendo uma nobre missão: melhorar sua forma de liderar.
Tenente-coronel Graciany Batista. Foto: Arquivo Pessoal.
“Precisamos cuidar muito bem desses ‘melhores amigos dos homens’, fornecendo-lhes adequadamente alimentação, água, higiene das instalações e dos cães, exercícios, repouso e cuidados específicos. Esses seis pilares são a base do bem-estar animal. Eles estando bem, são felizes e trabalham muito bem, com total dedicação ao que foram treinados fazer: faro, defesa”, conta.
A Tenente Coronel descreve que, no dia a dia de seu trabalho, a preocupação com a Saúde Única está sempre presente.
“Prevenção é o nosso trabalho diário: vasilhas limpas, boxes limpos, cão escovado, trabalhado, alimentação oferecida com muito amor, água sempre, refrescados quando o calor é intenso, seguindo os calendários de vermifugações, vacinas, controle de carrapatos, tratamento de animais doentes”, afirma.
Major Renato Fonseca Ferreira
Médico Veterinário – Polícia Militar do Distrito Federal
Major Renato Fonseca Ferreira sempre foi ligado a equinos e nunca imaginou atuar em outra profissão se não como médico veterinário com ênfase em clínica médica, cirurgia e ortopedia em equinos. Em 2009, entrou para o quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), onde trabalha exclusivamente com equinos.
“Sempre fui clínico e cirurgião, e não pesquisador. Isso coincidiu com a demanda da PMDF. Fiz o concurso e passei. Quando fiz a prova, havia duas vagas”, recorda o major.
Major Renato Fonseca. Foto: Arquivo Pessoal.
A PMDF possui 260 cavalos, o que demanda vigilância constante e um oficial médico veterinário preparado para trabalhar a qualquer hora do dia ou noite. Renato relata que o cotidiano de um quartel de Cavalaria, onde trabalha, envolve muitos atendimentos clínicos e ortopédicos e, vez em quando, cirúrgico.
Ele conta que um dos eventos que mais marcaram sua carreira foi um dia que teve sair à emergência do quartel para atender a um animal atropelado. Após uma queda do policial, o cavalo correu para o meio da pista com trânsito em horário de pico. “Nenhuma pessoa se machucou. Mas o cavalo teve que ser encaminhado imediatamente para nosso centro cirúrgico e passar por cirurgia de emergência, pois havia muita hemorragia. Tudo certo ao final’, relembra Renato.
Como se tornar um de médico veterinário militar
Aeronáutica
Atualmente, o Comando da Aeronáutica dispõe de 26 médicos veterinários no seu efetivo em diversas organizações militares em todo o Brasil. Em sua maioria, estão localizados nos batalhões de infantaria que mantém cães de guerra e na Fazenda da Aeronáutica.
Os médicos veterinários são admitidos na Força Aérea Brasileira por meio de convocação para a prestação do Serviço Militar Inicial (SMI) de Médicos, Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários (MFDV).
O processo de seleção, que envolve análise documental, exames físico e psicológico, é realizado regionalmente por comissão de seleção interna pelas organizações militares do Comando da Aeronáutica. Os profissionais integram o Quadro de Oficiais Convocados (QOCON) e podem permanecer por até oito anos no serviço militar.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Aeronáutica, o processo de admissão para 2018 deve começar no segundo semestre de 2017.
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Exército Brasileiro
Os médicos veterinários são admitidos por duas formas: concurso público e seleção regional. O ingresso pela primeira forma o tornará um oficial concursado (ou “de carreira” no jargão militar) e pela segunda, o tornará um oficial temporário.
Concurso
Oficial de carreira: o concurso é organizado pela Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx) e ocorre todos os anos.
Oficial temporário
A seleção regional é feita por uma Região Militar (RM), organização militar que centraliza a administração de uma região do país. São 12 RM no Brasil todo.
Vagas
Próximo edital do concurso da EsFCEx está previsto para ser lançado em junho ou julho 2017.
Seleção (Contratação) está prevista para 21 de agosto.
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Marinha
O ingresso é feito por processo seletivo para a prestação do serviço militar voluntário temporário como “Oficial de 2ª Classe da Reserva da Marinha (RM2). Depois, há o curso com duração aproximada de 90 dias. Militares temporários são incorporados para prestar serviço militar em caráter transitório e regional com duração máxima de oito anos.
Vagas
A previsão é que o aviso de convocação seja publicado até outubro de 2017 e o curso iniciado em maio de 2018.
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Polícia Militar do Distrito Federal
O ingresso na Polícia Militar se faz somente por concurso público específico para a área de Medicina Veterinária. Além disso, ao se inscrever o candidato deve escolher a área de atuação: animais de pequeno ou grande porte.
Vagas
Sem previsão
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CFMV parabeniza médicos veterinários militares pelo seu dia
CFMV (matéria acessada em 19/06/17)