28 de setembro: Dia Mundial Contra a Raiva
A cada quinze minutos, morre uma pessoa infectada pelo vírus da raiva. São quase 60 mil vítimas todos os anos, a maioria delas, crianças de países em desenvolvimento. Esse é um quadro preocupante que tem no médico veterinário um importante agente de mudança: ele é o único profissional que pode atuar na prevenção da raiva nas três esferas da saúde envolvidas no contágio da doença: animal, humana e ambiental. Em 28 de setembro, data em que se comemora o Dia Mundial Contra a Raiva, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) destaca o importante papel desse profissional no combate à zoonose.
“A raiva continua a ser uma grande preocupação mundial. É uma doença negligenciada, com praticamente 100% de letalidade e alto custo na assistência preventiva às pessoas expostas ao risco de adoecer e morrer”, avalia a médica veterinária Adriana Vieira, integrante da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV/CFMV).
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de dois terços dos países do mundo ainda são afetados pela raiva e, dentre todos os casos registrados em humanos, mais de 95% são causados por mordeduras de cães infectados. Diz respeito à saúde animal, portanto, o fator mais importante a ser combatido na erradicação da doença – um ciclo de transmissão que pode ser eliminado por meio da vacinação em massa.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) estima que, para ser efetiva, uma campanha de vacinação contra a raiva deve cobrir ao menos 70% da população de cães nas zonas afetadas pela doença. A entidade calcula que, além de impedir a transmissão do vírus e salvar vidas de animais e humanos, o custo da imunização canina teria um custo quase 10 vezes menor do que os valores já investidos no tratamento emergencial de pessoas acometidas pela doença.
O médico veterinário tem uma atribuição fundamental nesse processo, atuando nas campanhas de vacinação, no controle populacional de cães em situação de rua e na conscientização da população a respeito dos princípios de guarda responsável. A vigilância e a notificação dos casos detectados também são uma importante ação de controle da doença, e mais um dever que cabe aos médicos veterinários.
“Animais que apresentem sinais neurológicos devem ser levados aos médicos veterinários e esses, por sua vez, devem avaliar o quadro geral e, se esses animais forem a óbito, o material precisa ser encaminhado para diagnóstico de raiva”, ressalta Vieira. “Alertamos também os médicos veterinários clínicos para que fiquem atentos aos animais com sintomatologia neurológica. Se esses animais forem submetidos à eutanásia ou vierem a óbito, o veterinário deve enviar o material desses animais para diagnóstico de raiva nos laboratórios de referência”, explica a médica veterinária.
Até 2030
Considerando a necessidade de medidas emergenciais contra a raiva, a OMS e a OIE, em colaboração com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e com o apoio da Aliança Global para o Controle da Raiva (GARC), definiram 2030 com o ano limite para a erradicação da doença em humanos. A meta foi traçada em 2015 durante a Conferência Mundial sobre “Eliminação global da raiva humana transmitida por cães: o momento é agora”, em Genebra, na Suíça.
A doença
A raiva é uma doença viral que afeta o sistema nervoso central de mamíferos, incluindo humanos. O vírus pode ser encontrado principalmente na saliva e no cérebro dos animais infectados, e normalmente é transmitido para humanos por meio da mordedura de cães. O período de incubação varia entre alguns dias a vários meses mas, uma vez que os sintomas são observados, a doença é fatal.
Mais de 80% das mortes causadas pela raiva ocorrem em áreas rurais, onde o acesso a campanhas de saúde e à profilaxia pós-exposição é limitada ou inexistente. Os continentes africano e asiático são os que apresentam os maiores riscos de mortalidade de humanos, com mais de 95% dos casos fatais da doença.
Conscientização
Todos os anos, em 28 de setembro, a comunidade internacional se mobiliza para promover a luta contra a raiva. O movimento conta com eventos realizados ao redor do globo, com o objetivo de conscientizar a população, divulgar conhecimento ou imunizar animais. Conheça a Aliança Global para o Controle da Raiva, e saiba mais.
Fonte CFMV (acesso em 28/09/17)