Instituto Vital Brazil anuncia patente de soro contra a Covid-19
Nesta quinta-feira, 13 de agosto, em sessão científica na Academia Nacional de Medicina, o médico Adilson Stolet, presidente do Instituto Vital Brazil, e Jerson Lima Silva, pesquisador da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), anunciaram o depósito de uma patente e a submissão de uma publicação oriundos dos excelentes resultados das pesquisas com soros produzidos por cavalos para o tratamento da Covid-19.
Depois de 70 dias, os plasmas de quatro dos cinco cavalos do Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro, inoculados em maio de 2020 com a proteína S recombinante do coronavírus, produzida na Coppe/UFRJ, apresentaram anticorpos neutralizantes 20 a 50 vezes mais potentes contra o novo vírus do que os plasmas de pessoas que tiveram a doença. Foi criado, então, o soro anti-SARS-CoV-2, produzido a partir de equinos imunizados com a glicoproteína recombinante da espícula do vírus.
“O experimento com o plasma dos cavalos permite que o tratamento seja produzido em grande escala. Os animais não sofrem com o processo de retirada de plasma e, conseguimos, assim, uma grande quantidade de medicamento disponível”, explica Stolet, presidente do Instituto.
O pedido de patente refere-se ao processo de produção do soro anti-SARS-CoV-2, a partir da glicoproteína da espícula (spike) com todos os domínios, preparação do antígeno, hiperimunização dos equinos, produção do plasma hiperimune, produção do concentrado de anticorpos específicos e do produto finalizado, após a sua purificação por filtração esterilizante e clarificação, envase e formulação final. O trabalho envolve parceria do Instituto Vital Brazil, UFRJ e Fiocruz, e está sendo depositado no MedRxiv, um repositório de resultados preprint (pré-publicados).
“Há 103 anos, em 12 de agosto de 1917, Vital Brazil doava a patente de seus soros anti-peçonhentos ao Governo de São Paulo. E, há 119 anos, em 14 de agosto de 1901, ele entregava os primeiros lotes de soro para a população. É uma incrível coincidência nosso pedido de patente acontecer em um dia tão próximo a outras duas datas tão significativas para a saúde pública e para a nossa instituição”, celebra Adilson Stolet.
A pandemia por Covid-19 resultou, até agosto de 2020, em mais de 700 mil mortes e mais de 20 milhões de casos confirmados. No Brasil, a triste marca de 100 mil óbitos e três milhões de infectados foi atingida esta semana. Enquanto não há vacinas aprovadas e, mesmo posteriormente, em virtude da dificuldade em atender à grande demanda de vacinação em todo o mundo, o uso potencial da imunização passiva por terapia com soro deve ser considerado com uma opção.
A soroterapia é um tratamento bem-sucedido, usado, há décadas, contra doenças como raiva, tétano e picadas de abelhas, cobras e outros animais peçonhentos como aranha e escorpiões. Os soros produzidos pelo Instituto Vital Brazil têm excelentes resultados de uso clínico, sem histórico de hipersensibilidade ou quaisquer outras eventuais reações adversas. Os estudos clínicos ocorrerão em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).
Participaram do estudo um grupo grande de cientistas, incluindo Adilson Stolet, Luís Eduardo Ribeiro da Cunha e Marcelo Strauch (Instituto Vital Brazil); Leda Castilho e Renata Alvim (Coppe/UFRJ); Amilcar Tanuri, Andrea Cheble Oliveira, Andre Gomes, Victor Pereira e Carlos Dumard (UFRJ); Thiago Moreno Lopes (Fiocruz) e Herbert Guedes (UFRJ/Fiocruz).
A pesquisa contou com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Sobre o Instituto – O Instituto Vital Brazil completou 100 anos em junho de 2019. É uma empresa de ciência e tecnologia do Governo do Estado do Rio de Janeiro ligado à Secretaria de Estado de Saúde. É um dos 21 laboratórios oficiais brasileiros e um dos quatro fornecedores de soros contra o veneno de animais peçonhentos para o Ministério da Saúde.