Mês do Médico-Veterinário – Confira a história da médica-veterinária Isabella Bias Fortes que atua na área de ensino e pesquisa
“A pesquisa e o ensino, sem dúvida alguma, vêm aí como uma possibilidade enorme para essa juventude que está chegando ao mercado de trabalho”, afirma Isabella Bias Fortes, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da PUC-Minas/Betim
A bovinocultura perdeu uma médica-veterinária para a área de ensino e pesquisa, e de lambuja a docência ganhou uma professora devotada aos seus alunos. “Quando era criança pequena em Barbacena”, no interior de Minas Gerais, Isabella Bias Fortes vivia em fazenda e sonhava ser médica-veterinária para trabalhar com pecuária, seguindo a tradição familiar. A vida, no entanto, a encaminhou para outros ares e Isabella rumou para Belo Horizonte.
Na capital mineira, sua vida profissional começou na área de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde ela fez a graduação, o mestrado e o doutorado. Anos depois encantou-se com a sala de aula como professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas/Campus Betim). Hoje, além de docente, Isabella coordena o curso de Medicina Veterinária da PUC, recém-acreditado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Até chegar aqui o caminho foi longo. Quando entrou para a Medicina Veterinária, Isabella lembra que o curso era predominantemente masculino. “Hoje já não é tanto assim, mas na minha época, precisava me impor, me colocar na frente, e a Medicina Veterinária já foi um grande desafio feminino”, afirma.
Ela planejava voltar para a sua cidade natal assim que formasse, mas quando concluiu o curso foi trabalhar no laboratório federal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Pedro Leopoldo/MG, e a inspiração do professor Ronaldo Reis foi tão forte, que ela não teve outra escolha senão enveredar pela pesquisa. Nessa época desenvolveu vários estudos na área de doenças infecciosas de suínos, influenciada pelo professor Reis, um dos maiores especialistas no tema.
Foi convidada por Reis para fazer mestrado na UFMG, a quem ela considera um dos grandes mestres em sua formação e, sob a orientação dele, desenvolveu a pesquisa sobre anemia infecciosa equina, tema em que ele foi pioneiro. “Tive a sorte de trabalhar com esse excepcional profissional e, mesmo tendo meu propósito inicial totalmente alterado, nunca tive dúvida sobre a Medicina Veterinária e me realizei com o caminho seguido”, conta.
Nessa época, Isabella e Reis ministraram vários cursos para médicos-veterinários de diversas regiões do país, visando à preparação no diagnóstico de anemia. “Inicialmente era um exame realizado pelas universidades e só depois passou a ser credenciado pelo Mapa”, lembra.
Simultaneamente ela começou a ministrar aulas no Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFMG, tanto sobre doenças bacterianas quanto virais. Fez o doutorado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFMG) com o professor Paulo César Peregrino, seguindo a mesma pesquisa do mestrado, só que focada na clonagem e na amplificação de genes do vírus de amostras brasileiras.
“Foi uma época em que tive contato com profissionais de outras áreas de conhecimento e percebi a importância de trabalhar de forma integrada, tendo a real dimensão de que a Medicina Veterinária tem várias áreas para explorarmos”, afirma. “No tempo que estive na UFMG, outros profissionais tiveram importância na minha vida profissional e me estimularam muito, como o professor Rômulo Cerqueira Leite”, conta.
No doutorado Isabella vivenciou um desafio profissional tão marcante, que ainda hoje usa como exemplo em suas aulas de microbiologia. Durante um experimento, transformaram uma bactéria para clonar uma sequência do vírus da anemia infecciosa equina e, na primeira tentativa, cresceu uma única colônia transformada. “No primeiro momento achei que não tinha dado certo, mas insistimos e constatamos que naquela única colônia a sequência do vírus tinha sido clonada”, recorda.
“Aproveito essa história para estimular os estudantes a terem persistência em seus propósitos. No mundo de hoje, que descartam tudo com a maior facilidade, precisamos mostrar que onde achamos que estava tudo errado, podemos encontrar a solução certa e evitar de perder todo um trabalho. Serve de exemplo para mostrar que trabalhamos com uma ciência que não é exata, que demanda perseverança, e nos erros podemos encontrar outras respostas, que abrirão novas possibilidades de pesquisa”, argumenta.
Após o doutorado, em 1999, quando a PUC-Minas abriu o curso de Medicina Veterinária, Isabella passou no concurso para professora, onde está até hoje. Ministrou aulas de microbiologia veterinária, imunologia e doenças de ruminantes. Há seis anos trabalha no colegiado do curso e, em 2016, foi eleita coordenadora, sendo, recentemente, reconduzida pelo reitor para mais três anos de gestão.
“Os alunos chegam com tanta ansiedade e angústia, que a coordenação tem trazido novos desafios. Vejo que meu papel não é só técnico e de ministrar conhecimento, é de saber acolher, ouvir, direcionar, orientar os alunos e nisso tenho procurado dar o meu melhor”, confessa.
Para Isabella, hoje a Medicina Veterinária no Brasil é uma profissão com grande perspectiva, seja pelo grande fornecimento de proteína de origem animal, como pelas dimensões continentais, com tantas áreas da Veterinária que ainda podem ser exploradas. “A pesquisa e o ensino, sem dúvida alguma, vêm aí como uma possibilidade enorme para essa juventude que está chegando ao mercado de trabalho”, conclui.
Assessoria de Comunicação Social