Mês do Médico-Veterinário – “A atuação do médico-veterinário de animais de grande porte foi e continua sendo de enorme importância num país de grande extensão territorial e com aptidão primária para a pecuária”, Nivaldo Costa
Médico-veterinário da Clínica de Bovinos de Garanhuns, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) desde 1982, Nivaldo de Azevêdo Costa foi precocemente convidado a coordenar a clínica no mesmo ano em que assumiu, abraçando responsabilidades desafiantes para um jovem iniciante, recém-graduado pela mesma universidade em 1980.
A clínica ainda era nova, foi fundada em 1979, e, neste período, Nivaldo teve a oportunidade de conviver e absorver muitos conhecimentos dos professores da casa e dos que vinham da Alemanha, tendo em vista o convênio existente na época com a parceria entre a Escola de Hanover e a UFRPE. “Diga-se de passagem, colhemos os frutos até os dias atuais, uma vez o protocolo do exame clínico e das visitas diárias ainda acompanha os moldes da Escola de Hanover”, explica.
Com o passar dos anos e por estar lotado num hospital escola, Nivaldo sentiu a necessidade de fazer mestrado e doutorado, ambos na UFRPE.
Atualmente, ele é o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV-PE) e, nessa entrevista, conta um pouco como foi sua escolha pela clínica médica e cirúrgica de ruminantes.
1.O que te levou a fazer Medicina Veterinária?
Quando criança no sítio, onde nasci, no distrito de Rainha Isabel (PE), tinha o prazer da convivência diária com os animais, seja brincando, seja ajudando na lida. Quando cursei o ensino fundamental, na época o ginasial, passava com frequência na frente do escritório do Departamento de Produção Animal, onde trabalhavam alguns médicos-veterinários, o que despertava minha atenção, vindo mais tarde a estagiar com um deles. Quando do segundo grau segui minha motivação e cursei o colégio agrícola Floriano Peixoto em Alagoas. A partir daí não tive dúvidas quanto à escolha da profissão que queria seguir: Medicina Veterinária!
2. Por que escolheu a clínica de grandes animais e qual a importância do médico-veterinário nessa área de atuação?
A escolha da área de grandes animais teve tudo a ver com a escolha da profissão. Por ser oriundo da zona rural e aluno de um colégio agrícola não restou dúvida quanto à escolha, queria ser médico-veterinário para cuidar de vacas. Estou inserido numa região do estado que tem por particularidade a pecuária leiteira e considero que a atuação do médico-veterinário de animais de grande porte foi e continua sendo de grande importância num país de grande extensão territorial e com aptidão primária para a pecuária, sendo o setor agropecuário responsável por 5,3% do PIB.
3. Como o mercado ainda pode expandir e quais são os caminhos ainda pouco explorados que podem ser atrativos para os recém-formados interessados em clínica de grandes animais?
Num país como o nosso que tem a pecuária bovina como um de seus pilares econômicos, há sempre um mercado pujante, havendo a necessidade contínua de investimentos científicos em novas tecnologias, o estímulo ao empreendedorismo, visando o aumento da produção e da produtividade com o objetivo final de atender ao mercado consumidor interno e externo, cuidando primordialmente da segurança alimentar.
4. Quando percebeu que tinha feito a escolha certa e como impactou sua vida?
A certeza da escolha aconteceu durante o curso de graduação, no último ano, quando fui para a Clínica de Bovinos de Garanhuns realizar um estágio, onde iniciei minhas atividades profissionais. Foi um divisor de águas na minha escolha profissional e a materialização de um sonho, pois pude ter este contato intensivo com os animais, podendo exercer a medicina buiátrica e dar este retorno para o produtor rural, zelando para a sanidade dos rebanhos, que é muito caro para a região do agreste meridional, onde a clínica está inserida e responsável atualmente por 70 % do leite produzido no estado.
5. Quais foram os desafios profissionais enfrentados e as conquistas que fizeram o esforço valer a pena?
Os desafios foram muitos, já desde cedo na infância, as dificuldades foram muitas, desde financeira até a dificuldade de escolas na zona rural. Já rapaz quando passei no vestibular e fui para a capital, Recife, foi difícil a adaptação à cidade grande, mas vencemos, aliás confesso que até hoje sou adepto da vida simples numa cidade menor.
Profissionalmente enfrentamos os desafios comuns aos que vivenciam diariamente a rotina universitária. Temos muitos sonhos, queremos fazer com que as coisas aconteçam, mas nem sempre tudo segue com a mesma velocidade. Mas quando fazemos o que gostamos, a perseverança toma conta e aí caminhamos olhando para frente.
A grande conquista pessoal foi sair da roça, conquistar o conhecimento, me formar na profissão que idealizei e hoje exercê-la diariamente. Paralelamente, posso dizer que cresci juntamente à Clínica de Bovinos de Garanhuns, o que muito me orgulho. Aprendemos diariamente com nossos estagiários e residentes, trabalhar numa universidade, num hospital escola, uma clínica buiátrica é a maior conquista para um médico-veterinário como eu, uma concretização de um sonho.