Fórum debate queimadas na Amazônia e desafios da Medicina Veterinária de Selvagens
O III Fórum das Comissões Nacional e Regionais de Animais Selvagens reuniu os membros da Comissão Nacional de Animais Selvagens do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNAS/CFMV), além de integrantes de 11 comissões regionais de animais selvagens, em torno dos desafios locais em relação à Medicina Veterinária de Animais Selvagens. O encontro ocorreu no dia 23 de agosto, na sede do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Pará (CRMV-PA), em Belém.
Estiveram presentes representantes dos seguintes CRMVs: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Roraima, Pará, Paraná e São Paulo. O grupo abordou temas como o tráfico e o controle da população de javalis, além de ações propositivas e educativas realizadas nos estados, além de ressaltar a importância da articulação com órgãos como secretarias municipais e estaduais de Saúde e Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), entre outros.
“Abordamos temas relevantes para que as comissões possam trabalhar tanto em nível nacional como estadual, e estreitamos as relações entre as comissões. Estabelecemos propostas de ações relativas ao tráfico de animais selvagens e foi consenso o estabelecimento de ações relativas à educação ambiental como forma de levar à sociedade a conscientização, a fim de diminuir esse problema”, afirmou o presidente da CNAS, Francisco Edson Gomes.
O tráfico é uma questão permanente de norte a sul do país, e foi ressaltada a importância da realização de campanhas educativas. O CRMV-PB, por exemplo, usa materiais produzidos pelo CFMV em suas ações. Já o presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP, Marcello Schiavo Nardi, levantou a polêmica em relação ao abate de javalis. Embora o controle da espécie possa ser realizado por pessoas físicas e jurídicas cadastradas e/ou autorizadas pelo Ibama, na prática, descreveu, há muita crueldade. “É preciso abater, controlar, mas respeitando o bem-estar”, alertou.
Foi convidado também a participar o Grupo de Estudos de Animais Selvagens da Universidade Federal Rural do Amazonas (Geas/Ufra), constituído em 2011 de forma multidisciplinar – além de futuros médicos-veterinários e zootecnistas, conta também com acadêmicos e docentes de Engenharia, Agronomia e outros cursos. A CNAS aproveitou a reunião, ainda, para elaborar propostas de ações de proteção da fauna silvestre, que passarão por aprovação do CFMV.
Os participantes do encontro compartilharam, ainda, preocupação com o aumento no número e gravidade de queimadas na região da Amazônia Legal, neste ano. “Sob o aspecto da saúde única, a morte de animais e perda dos habitats não traz apenas consternação e angústia, mas também oferece riscos à saúde da população. Um ambiente instável, como uma floresta após incêndios, não possui proteção natural para isolamento de doenças, fragilizando barreiras naturais e aumentando as chances de surtos zoonóticos, tais como raiva, febre amarela e dengue, entre outras”, assinalou o presidente da CNAS.