28 de agosto: Dia da Avicultura
Um dos grandes pilares do Agronegócio brasileiro, a produção de aves atualmente passa por um momento de transformação. Tendências focadas no bem-estar animal exigem um novo tipo de produto, estimulando os criadores a adaptar seu negócio, sem abrir mão dos altos níveis produtivos. Em 28 de agosto, data em que se comemora o Dia da Avicultura, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reconhece o trabalho de modernização e cuidado dos profissionais que se dedicam a essa área.
Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o setor produz mais de 50 milhões de aves por ano, dedicando cerca de um terço de sua produção à exportação – são quase 4 milhões de toneladas enviadas anualmente a mais de 150 mercados. A avicultura brasileira emprega mais de 3,5 milhões de pessoas e, de acordo com estimativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o valor bruto estimado para a produção de aves no Brasil neste ano é de quase R$ 50 bilhões.
Apesar de consolidada no mercado, essa megaindústria tem passado por grandes mudanças nos últimos anos, motivadas pela demanda por um novo tipo de alimento. Cada vez com mais frequência, grandes empresas alimentícias internacionais anunciam planos de adquirir carne e ovos de fornecedores certificados, com a intenção de oferecer ao público produtos feitos a partir de animais criados sob sistemas de gerenciamento voltados para maximizar a saúde e o bem-estar dos animais.
Essa é uma tendência mundial. O Eurobarômetro 2016, pesquisa de opinião pública que o Parlamento Europeu encomenda periodicamente para avaliar a qualidade de vida, mostra que 94% dos entrevistados consideram importante garantir o bem-estar dos animais de produção. O mesmo levantamento revelou que 44% dos cidadãos europeus têm interesse em ter mais informações sobre como animais são tratados dentro das fazendas, um índice 11% maior do que o registrado na pesquisa da década anterior.
Médicos veterinários e zootecnistas têm um importante papel nesse processo de modernização. Uma das tendências que tem ganhado destaque no mercado é a criação de animais com menos antibióticos ou, ainda, no sistema de produção Antibiotic Free (AF). Nesses sistemas alternativos, os medicamentos e melhoradores de desempenho são substituídos por produtos de menor impacto, como probióticos e homeopáticos.
Também há a procura por ovos produzidos em sistema cage-free (livres de jaulas, no inglês), que chegam ao consumidor por um preço maior do que o produto convencional, mas que também já têm um público cativo disposto a pagar mais pelo alimento diferenciado. A opção é não alojar as poedeiras em gaiolas, proporcionando qualidade à vida produtiva da ave, e atendendo ao conceito de bem-estar da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A tendência é que o padrão, atualmente visto como um nicho de mercado, ganhe popularidade e se torne mais comum nas fazendas brasileiras.
Já no sistema orgânico, que ganha cada vez mais espaço no mercado, os animais são criados sob uma dieta natural, além de seguir outros parâmetros de qualidade. No Brasil, esse sistema é regulamentado pela lei nº 10.831, de 2003, e pela Instrução Normativa nº 46 de 2011 do Mapa, que define o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção. A IN trata também do bem-estar animal, dando destaque para as Cinco Liberdades Animais: nutricional; de dor e doença; de desconforto; de medo e estresse; e para expressar o seu comportamento natural.
Campanha
As Cinco Liberdades descritas no regulamento de sistemas orgânicos também são o tema da Campanha de Bem-estar Animal promovida pelo CFMV, que procura conscientizar profissionais e a população a respeito da importância de se considerar animais como seres sencientes, isto é, que são capazes de sentir emoções como medo e felicidade. A campanha foi lançada em abril e continua divulgando o tema por meio de ações na mídia. Conheça mais sobre a campanha em www.cfmv.gov.br/bemestaranimal.
CFMV (acesso em 18/08/17)